tag:blogger.com,1999:blog-27143439655923853272024-03-06T03:57:43.308-03:00ReexameRafael Mottahttp://www.blogger.com/profile/08722854706667050867noreply@blogger.comBlogger278125tag:blogger.com,1999:blog-2714343965592385327.post-41795860777764741222016-04-06T12:02:00.001-03:002016-04-06T12:02:43.377-03:00Reflexão profissional<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Lugar de repórter é na rua?</span></div>
<div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Passei um mês escrevendo a coluna política do jornal, cobrindo férias. A primeira vez em que tinha assumido o posto foi em 2007. O editor chefe de então me orientava, num tom entre recomendação e bronca: "Não fique na redação. Vá para a rua tomar um café com a fonte".</span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Nove anos depois, não há mais com quem "tomar café" (aliás, nunca tomei, para evitar a construção de uma proximidade excessiva, muito perigosa para um jornalista na hora de formar juízo. Fonte não é 'amiga': é fonte, por mais consideração que se possa ter a ela enquanto gente).</span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Nesse período, a maioria das fontes não morreu. Mas não está mais na rua. Era comum, ao circular pelo Centro de Santos, onde fica a Prefeitura -- e, até há alguns anos, o mesmo prédio abrigava as sessões da Câmara --, encontrar um bocado de gente, tanto em caminhadas quanto em grupos na Praça Mauá ou, mais especificamente, no famoso Café Carioca (aonde políticos graúdos vão comer pastel por conta da casa quando vêm aqui anunciar projetos que nunca se concretizam).</span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Neste mês, as andanças resultaram em quase nada. Saí duas vezes à rua, em horários de grande movimento, e achei duas pessoas. E que abordaram o mesmo assunto, mais de cunho histórico do que de política atual.</span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Hoje, as pessoas com quem se pode falar estão cada vez mais ao celular. Nem sua voz se ouve tanto: há situações em que é mais fácil mandar mensagem de texto pelo WhatsApp do que esperar que o interlocutor atenda à ligação.</span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Para mim, o aguardo pelos dois risquinhos azuis confirmando a leitura e, na sequência, pelo texto da resposta, gera ansiedade ainda maior do que ouvir o sinal de 'chamando' ao telefone. E o interlocutor pode, até, ver o recado, mas nem sempre responde. É a 'caixa postal' contemporânea, até que seja substituída por outra forma de contato ou de recusa em atender.</span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Não é de hoje, mas, à medida que a tecnologia avança e dependendo do assunto que se cobre (neste caso, política, e quando não é dia de sessão legislativa ou de solenidades), o lugar do repórter vai sendo em aparelhos que se tornaram a extensão de seu corpo. Um tipo diferente e menos humanizado de contato.</span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Esse é um sentimento de quem começou na profissão 'analógico' e vai, aceleradamente, se 'digitalizando': o da saudade do tempo em que a rua era mais representativa e decisiva. Hoje, é tudo organizado demais. A ponto de não sabermos, às vezes, se quem responde é a fonte ou um profissional designado por ela.</span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O que será (e de que jeito será) daqui a nove anos?</span></div>
</div>
<div>
<br /></div>
Rafael Mottahttp://www.blogger.com/profile/08722854706667050867noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2714343965592385327.post-27976241796150336542016-02-18T15:15:00.003-02:002016-02-18T15:15:58.343-02:00Conhecidos que desconhecemos<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A homenagem publicada em 'A Tribuna' nesta quinta-feira (18) para Evêncio da Quinta, o Zêgo, morto há 25 anos, mostra um homem. Seria uma conclusão muito simples se, um quarto de século depois da partida dele, não vivêssemos um tempo em que mal nos conhecemos – e, ainda menos, nos reconhecemos em qualidades que levaram à lembrança desse jornalista após uma geração.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Pouco sabemos de nós e dos outros, hoje. É uma época em que a multifunção jornalística e a necessidade de cumprir horários, com equipes muito menores que as do passado, quase que impede profissionais de ver, uns nos outros, uma espécie de referência, alguém em quem se espelhar. Claro que jornalistas assim ainda existem. Mas não nos vemos por escassez de tudo.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Paramos para conversar? Discutimos com profundidade? Temos conhecimento ou reproduzimos, superficialmente, o que lemos de passagem e compartilhamos de maneira frenética sem pensar em consequências? Pensar, aí é que está: que veículos de comunicação estamos produzindo para o público? Mas essa é pergunta para outro momento, pois o que está em questão, agora, é a gente.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Que homens e mulheres somos? Que se fez de nós? Que fizemos de nós em relação aos colegas e a nós mesmos?</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Quem nos serve de espelho? Em quem queremos nos refletir? Sem pretensão de posteridade – porque dá a impressão da busca pela fama, ainda que após a vida; algo ridículo para quem estiver morto e de nada deverá saber –, que dirão de nós 25 anos depois do fim de nosso prazo de validade neste mundo? Melhor indagando: estaremos na memória de alguém em um período tão distante?</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Não devo dizer que “feliz era o Zêgo” por ser lembrado. Sem jamais tê-lo visto, arrisco dizer que ele preferiria estar vivo e saudável, em vez de ter morrido de câncer com apenas 57 anos. Mas me parece que, quanto mais vivemos (ou maior é essa expectativa de vida), mais nos arrastamos num limbo cujo maior objetivo é sobreviver, meramente. E entre “conhecidos” que desconhecemos.</span>Rafael Mottahttp://www.blogger.com/profile/08722854706667050867noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2714343965592385327.post-21753836941165383632015-11-13T11:03:00.002-02:002015-11-13T11:03:09.758-02:00De volta ao rádio<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Na segunda-feira, 16/11, voltarei ao rádio. Apresentarei o 'Entrelinhas', programa de entrevistas, debates e propostas para a Baixada Santista, na Santos FM (92,5 MHz - <a href="http://www.santosfm.com.br/">www.santosfm.com.br</a>).</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O primeiro entrevistado será o prefeito de Santos, Paulo Alexandre Barbosa (PSDB). Veja e curta a página para ter novidades: </span><a href="http://www.facebook.com/entrelinhasnoradio" style="font-family: Verdana, sans-serif;">www.facebook.com/entrelinhasnoradio</a><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> .</span>Rafael Mottahttp://www.blogger.com/profile/08722854706667050867noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2714343965592385327.post-54605037206233130492015-10-07T11:02:00.003-03:002015-10-07T14:33:35.493-03:00E então? Cadê?<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Quando só a gente
fala em um assunto, é muito provável que o problema sejamos nós.
Mas como "muito provável" é diferente de "certeza",
continuo pensando que, enquanto se fica discutindo o futuro do
governo federal, a maioria parece se esquecer de onde mora. Caso de
Santos e sua prefeitura, que:</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 100%;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 100%;">1. Por incapacidade
de dar andamento a projetos mesmo com dinheiro garantido, perdeu um
financiamento de US$ 44 milhões do Banco Mundial para dar fim às
enchentes da Zona Noroeste;</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 100%;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 100%;">2. Manda
repavimentar a Avenida Ana Costa, por R$ 2,3 milhões, porque o
último calçamento foi feito há 14 anos. Porém, as pistas
continuam boas. Desperdício de tempo e de verba Dade;</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 100%;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 100%;">3. Gasta R$ 510 mil
para trocar cordonéis (muretinhas que separam o gramado do
calçamento) em todo o jardim da orla por um modelo parecido com o
das muretas dos canais, "símbolo" da cidade;</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 100%;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 100%;">4. Não dispõe de
nenhuma política clara para dar fim à favelização e, apesar de
proporcionalmente ter bem menos pobres que outras cidades da Baixada
Santista, não consegue nem mesmo atualizar a lista dos que precisam
de benefícios sociais;</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 100%;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 100%;">5. Contrata para
cargos de confiança (sem concurso e mais bem remunerados do que
funcionários de carreira) um filho de ex-político, que poderá
concorrer à Câmara Municipal no ano que vem, e propõe um emprego
do tipo a um suplente de vereador para manter a maioria do partido na
Casa e dar fim às ações judiciais referentes à disputa do cargo
legislativo.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Alguém aí falou em
impeachment do prefeito?</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 100%;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 100%;">Cadê as panelas?</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 100%;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 100%;">E os "milhões
de Cunhas"?</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 100%;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 100%;">Acho que o problema
sou eu. Mas "a culpa [claro!] é da Dilma".</span></div>
Rafael Mottahttp://www.blogger.com/profile/08722854706667050867noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2714343965592385327.post-26795427311930400442015-09-22T12:08:00.000-03:002015-09-23T16:56:47.054-03:00Os fatos e os cálculos<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">É obrigação do governo dar um jeito na economia. Foi eleito também para isso. Mas daí a dizer que esta é a pior crise já vivida no país vai uma distância enorme.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Se você pensa assim, pare de achar que toda ponderação é defesa do governo. Não tenho interesse nisso, mas me sinto no dever de consciência de alertar que a oposição nada tem de melhor a oferecer, lamentavelmente. E já foi governo, ostentando os dados apresentados do próximo parágrafo em diante.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Quando o Plano Real foi instituído, em julho de 1994, tinha como parâmetro a equiparação entre real e dólar, isto é, R$ 1 = US$ 1.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Neste instante, o dólar passa dos R$ 4. Nunca chegou a tanto, mas é preciso atentar que esse é o valor nominal -- isto é, aquilo que se lê, mas não, efetivamente, o que vale em qualquer época.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Como explicar a diferença? Corrigindo valores pela inflação. Aquele R$ 1 de julho de 1994, atualizado pelo índice oficial de inflação (o IPC-A, medido pelo IBGE, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), equivale a R$ 5,07 hoje. O motivo é a inflação acumulada entre julho daquele ano e agosto passado, data do último cálculo disponível de inflação.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Em 10 de outubro de 2002, o dólar bateu R$ 4 durante o dia. Também corrigido pelo IPC-A, significa que, se 10 de outubro de 2002 fosse agora, um dólar norte-americano custaria R$ 9,08.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Também para efeito comparativo, o salário mínimo nominal (repita-se: o valor que se lê, não o que efetivamente é hoje) era de R$ 200, correspondentes a R$ 492,18 de hoje. Entretanto, o mínimo nacional atual é de R$ 788. Vale mais em dólares e em reais, de ontem e de agora -- US$ 50 em outubro de 2002 e US$ 197 a R$ 4 nominais desta terça-feira, 22 de setembro de 2015.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Hoje, a preocupação do mercado, essa entidade invisível e de mãos pesadas e bolsos geralmente cheios, é com a possibilidade de alta dos juros nos Estados Unidos (pela primeira vez numa década, salvo engano; economia é problema mundial) e com possíveis vetos presidenciais a aumentos de gastos aprovados por deputados federais e senadores.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Outro elemento é o eventual rebaixamento do grau de investimento do Brasil por mais uma agência de classificação de risco de investimentos. Neste ano, de forma inédita desde 2008, esse grau foi perdido. Mas, de 1986 até lá, o país jamais o teve. Teve seu pior nível em 1998. Mas as agências erram, inclusive sob acusação de agir propositadamente.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Seja prudente. Economize o que puder. Pechinche. Pense em planos B, C, D. Mas exagerar a dimensão da crise só faz bem a quem tem muito dinheiro para especular e viver de juros -- que, quanto maiores, pior para você, irmão de vida assalariada e de muito trabalho até, talvez, o fim dos dias.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><i>Se quer saber de onde eu tirei tudo o que escrevi lá em cima, aí vão links para conferir:</i></span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><i><br /></i></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><i>. Correção de valores pela inflação - <a href="https://www3.bcb.gov.br/CALCIDADAO/publico/exibirFormCorrecaoValores.do?method=exibirFormCorrecaoValores&aba=1">https://www3.bcb.gov.br/CALCIDADAO/publico/exibirFormCorrecaoValores.do?method=exibirFormCorrecaoValores&aba=1</a></i></span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><i><br /></i></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><i>. Evolução do salário mínimo - <a href="http://portal.mte.gov.br/lumis/portal/file/fileDownload.jsp?fileId=FF8080814373793B0143DEAE297C1D26">http://portal.mte.gov.br/lumis/portal/file/fileDownload.jsp?fileId=FF8080814373793B0143DEAE297C1D26</a></i></span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><i><br /></i></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><i>. Classificação de risco do Brasil, desde 1986 - <a href="http://www.stn.fazenda.gov.br/documents/10180/265991/Hist%C3%B3rico_classifica%C3%A7%C3%A3o_de_risco.Portugues.pdf/7246be9d-7885-4d10-a3ae-1da53cc1b606">http://www.stn.fazenda.gov.br/documents/10180/265991/Hist%C3%B3rico_classifica%C3%A7%C3%A3o_de_risco.Portugues.pdf/7246be9d-7885-4d10-a3ae-1da53cc1b606</a></i></span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><i><br /></i></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><i>. Para entender o que é grau de investimento e como uma grande agência prejudicou a economia internacional em 2008 - <a href="http://economia.uol.com.br/financas-pessoais/guias-financeiros/entenda-o-que-e-grau-de-investimento.htm">http://economia.uol.com.br/financas-pessoais/guias-financeiros/entenda-o-que-e-grau-de-investimento.htm</a></i></span>Rafael Mottahttp://www.blogger.com/profile/08722854706667050867noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2714343965592385327.post-945928591421053332015-09-14T09:51:00.003-03:002015-09-14T09:51:29.316-03:00Você "merece"? Depende<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Meritocracia = domínio ou poder pelo mérito. Palavra que volta e meia aparece quando dizem que é preciso ensinar a pescar sem antes dar o peixe. Mas muitos dos que a dizem têm "méritos" fora do alcance dos comuns, dos menos privilegiados.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Em 1989, eu cursava a quarta série em uma escola particular. Sempre havia sido o melhor aluno da classe. Ao final do primário, quiseram me passar para o terceiro ano, o que minha mãe (uma pedagoga que jamais exerceu a profissão), felizmente, recusou.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Porém, voltando a 89, meu pai tinha perdido o emprego. Eu continuava a ser o mais destacado. Pela meritocracia, seria razão para que me oferecessem continuar lá os estudos, me dando isenção ou bom desconto: bons alunos enaltecem uma escola.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Bem, meu pai, naquele momento, não dispunha do "mérito" de ter salário suficiente para bancar um colégio privado. Não importava o máximo que eu me esforçasse, a facilidade que eu tivesse em aprender. Méritos passam. Fui para a escola pública.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A partir daí, por vários méritos meus, comecei a trabalhar aos 14 anos; paguei três quartos da minha faculdade (pelo outro quarto, obrigado, mãe, que ainda hoje trabalha tanto); nunca, até hoje, me faltou trabalho. Só que meu "merecimento" é limitado.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Porque, neste mundo supostamente meritocrático, vai mais longe quem tem "amigos". Quem tem o "mérito" de nascer em berço rico. Quem tem o "mérito" de se aproximar de algum poder e sempre conseguir um encaixe, a despeito de tantos outros.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Muita gente que passou por bem mais dificuldades do que eu sofre ainda hoje. Nem falo dos favelados e miseráveis: um colega meu, inteligentíssimo, não pôde acabar o curso. Tem emprego, mas, nas horas vagas, entrega gelo num carrinho de mão.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">E há tantos, tantos outros que são competentes, mestres, exímios profissionais, pessoas cujo caráter é um alívio. Só que a competência, para alguns "meritocratas", não é mérito. Às vezes, um fardo. "Ih, esse cara quer trabalhar. Não mexa ali, não".</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Se você não tem padrinhos, esforce-se muito. Estude. Faça o que puder para melhorar. Você, sim, precisa trabalhar, com todos os significados laboriosos que esse verbo carrega. E, ainda assim, alguém com "mérito" pode chegar na sua frente.</span>Rafael Mottahttp://www.blogger.com/profile/08722854706667050867noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2714343965592385327.post-13662092175391771372015-09-10T09:32:00.002-03:002015-09-10T09:34:24.027-03:00Uma dúvida<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A disputa por uma vaga na Câmara de Santos expõe uma dúvida: quais a utilidade e a relevância de cargos de chefia ocupados, no governo, por pessoas indicadas pelo prefeito? É o assunto do texto que escrevi para "A Tribuna" de hoje (10):</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhf0hH4AgmZ0M2UmawVHhU7mmsgUdmtx51hcW2gpu9s-OZ8omHVlu-_3NFwkRcF4wcJdjH_yEhF7-085fYOuJQlat6CRZOD9fyik9pdZs2SuFoW2l6Q2GfDXLo18-wzwxMogLWsLWgZZHY/s1600/An%25C3%25A1lise-CargosBoquinha-10-9-15.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="368" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhf0hH4AgmZ0M2UmawVHhU7mmsgUdmtx51hcW2gpu9s-OZ8omHVlu-_3NFwkRcF4wcJdjH_yEhF7-085fYOuJQlat6CRZOD9fyik9pdZs2SuFoW2l6Q2GfDXLo18-wzwxMogLWsLWgZZHY/s640/An%25C3%25A1lise-CargosBoquinha-10-9-15.jpg" width="640" /></a></div>
<span style="background-color: white; color: #141823; font-size: 14px; line-height: 19.32px;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></span>Rafael Mottahttp://www.blogger.com/profile/08722854706667050867noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2714343965592385327.post-56089084698961703802015-09-01T09:04:00.001-03:002015-09-01T09:05:21.532-03:00O debate sobre a proibição do arrendamento de emissoras<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span style="line-height: 18px;">(<i>Artigo publicado na edição 866, de hoje [1º], do site "<a href="http://observatoriodaimprensa.com.br/" target="_blank">Observatório da Imprensa</a>"</i>)</span></span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span style="line-height: 18px;"><br /></span></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span style="line-height: 18px;">A partir desta terça-feira (01/09), duas das mais tradicionais e ouvidas emissoras de Santos (SP) deixam de transmitir programação comercial: as rádios Cultura AM (930 kHz) e FM (106,7 MHz), arrendadas à Igreja Apostólica Plenitude do Trono de Deus – fundada em setembro de 2006. Trata-se da mais recente de uma </span><a href="http://www.novomilenio.inf.br/santos/h0067u3.htm" style="border: 0px; color: #188282; font-stretch: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: inherit; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">série de rumores</a><span style="line-height: 18px;"> </span><span style="line-height: 18px;">envolvendo a desativação do prefixo em amplitude modulada, agora confirmados. Funcionários das emissoras foram postos em aviso prévio nas últimas semanas de agosto e o valor da transação comercial com a igreja é ignorado.</span></span><br />
<span style="line-height: 18px;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span style="line-height: 18px;">As duas emissoras pertencem ao deputado federal Paulo Roberto Gomes Mansur, mais conhecido como Beto Mansur (PRB-SP). Prefeito de Santos entre 1997 e 2004 e em sua quinta legislatura no Congresso Nacional, o engenheiro eletrônico Mansur ganhou influência política no final dos anos 1980</span><span style="line-height: 18px;"> </span><a href="http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2005/resumos/R1438-1.pdf" style="border: 0px; color: #188282; font-stretch: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: inherit; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">com um programa que apresentava</a><span style="line-height: 18px;"> </span><span style="line-height: 18px;">e no qual estimulava doações a necessitados. Seu pai, Paulo Jorge Mansur, fundador das rádios, também manteve um programa popular duas décadas antes e se tornado deputado federal. Há décadas, a Cultura lidera a audiência entre as AMs.</span></span><br />
<span style="line-height: 18px;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></span>
<span style="line-height: 18px;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O fato de as rádios serem de propriedade de um político, em sociedade com um irmão, e arrendadas a um particular que não concorreu publicamente à sua concessão, levam a perguntar: que fim levaram as tentativas de coibir ou de proibir o arrendamento de serviços de radiodifusão comercial?</span></span><br />
<span style="line-height: 18px;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span style="line-height: 18px;">Sabe-se que a Cultura AM, de 1946, e a FM, de 1958 (</span><a href="http://www.novomilenio.inf.br/santos/h0067d.htm" style="border: 0px; color: #188282; font-stretch: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: inherit; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">a segunda mais antiga emissora do país em frequência modulada</a><span style="line-height: 18px;">; a pioneira é a extinta Eldorado, de São Paulo), são anteriores a regulamentos como o</span><span style="line-height: 18px;"> </span><a href="http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L4117.htm" style="border: 0px; color: #188282; font-stretch: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: inherit; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Código Brasileiro de Telecomunicações</a><span style="line-height: 18px;">, que estabelece “preceitos e cláusulas” para a execução desses serviços.</span></span><br />
<strong style="border: 0px; font-stretch: inherit; font-variant: inherit; line-height: inherit; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></strong>
<strong style="border: 0px; font-stretch: inherit; font-variant: inherit; line-height: inherit; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Proibição do arrendamento em rádios e TVs</span></strong><br />
<span style="line-height: 18px;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></span>
<span style="line-height: 18px;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Ainda que fossem mais recentes, não há proibição expressa ao aluguel de espaços da programação: o código é dúbio ao expressar, no Artigo 124, que “o tempo destinado na programação das estações de radiodifusão, à publicidade comercial, não poderá exceder 25% (vinte e cinco por cento) do total”. Programação religiosa não é publicidade comercial; mas o que se faz, no arrendamento parcial ou completo de horários, consiste em comercializar espaços tornados disponíveis mediante concessão do governo – desde a década de 1990, obtida somente após concorrência pública.</span></span><br />
<span style="line-height: 18px;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span style="line-height: 18px;">A última movimentação de projetos de lei (PLs) para coibir o arrendamento em emissoras de rádio e televisão data de 19 de março último. Nesse dia, designou-se a deputada federal Eronildes Vasconcelos Carvalho, a Tia Eron (PRB-BA), uma estreante no Legislativo, como relatora desses PLs na Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática da Câmara. Desde então, não há mais notícia do andamento do</span><span style="line-height: 18px;"> </span><a href="http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=627321&filename=PL+4549/2008" style="border: 0px; color: #188282; font-stretch: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: inherit; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">PL 4.549, de 2008</a><span style="line-height: 18px;">, apresentado pelo deputado Edson Duarte (PV-BA). Nele, o parlamentar propõe que a cessão de espaço na grade das emissoras dependa “de prévia anuência do órgão competente do Poder Executivo” e recolhimento, à União, de 60% do valor do contrato de arrendamento.</span></span><br />
<span style="line-height: 18px;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span style="line-height: 18px;">Outros dois PLs apresentados posteriormente estão agregados ao projeto de Duarte e são mais rígidos: em ambos, sugere-se a proibição expressa, no Código de Telecomunicações, do arrendamento em rádios e TVs. Os textos são dos deputados federais Assis Melo (PCdoB-RS, sob o</span><span style="line-height: 18px;"> </span><a href="http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra;jsessionid=B11FF5D8086FBF25B69517401FCC865D.proposicoesWeb1?codteor=949013&filename=PL+2897/2011" style="border: 0px; color: #188282; font-stretch: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: inherit; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">número 2.897, de 2011</a><span style="line-height: 18px;">) e Ivan Valente (PSOL-SP, de</span><span style="line-height: 18px;"> </span><a href="http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=999408&filename=PL+4021/2012" style="border: 0px; color: #188282; font-stretch: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: inherit; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">número 4.021, de 2012</a><span style="line-height: 18px;">) e se baseiam em</span><a href="http://observatoriodaimprensa.com.br/imprensa-em-questao/ed673-omissao-do-congresso-desprezo-dos-concessionarios/" style="border: 0px; color: #188282; font-stretch: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: inherit; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">parecer</a><span style="line-height: 18px;"> </span><span style="line-height: 18px;">emitido em outubro de 2009, a pedido da Câmara dos Deputados, ao jurista Fábio Konder Comparato, professor emérito da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP).</span></span><br />
<strong style="border: 0px; font-stretch: inherit; font-variant: inherit; line-height: inherit; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></strong>
<strong style="border: 0px; font-stretch: inherit; font-variant: inherit; line-height: inherit; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">É difícil acreditar no fim de arrendamentos</span></strong><br />
<span style="line-height: 18px;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></span>
<span style="line-height: 18px;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">No documento, Comparato menciona que “o direito de prestar serviço público em virtude de concessão administrativa não é um bem patrimonial suscetível de negociação pelo concessionário no mercado. […] O concessionário de serviço público não pode, de forma alguma, arrendar ou alienar a terceiro sua posição de delegatário do Poder Público. […]”. Ainda conforme o jurista, são “nulos e de nenhum efeito os atos de arrendamento de concessão de serviços públicos de radiodifusão sonora e de sons e imagens”.</span></span><br />
<span style="line-height: 18px;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span style="line-height: 18px;">A Câmara apresentou, em 2011, uma</span><span style="line-height: 18px;"> </span><a href="http://www2.camara.leg.br/documentos-e-pesquisa/publicacoes/estnottec/areas-da-conle/tema4/2011_17859.pdf" style="border: 0px; color: #188282; font-stretch: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: inherit; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">nota técnica</a><span style="line-height: 18px;"> </span><span style="line-height: 18px;">elaborada pelo consultor legislativo Cristiano Aguiar Lopes, da área de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática da Casa. Nesse documento, concluiu que “é primordial que a entidade que esteja prestando o serviço seja, de fato, aquela que originalmente foi aprovada pelo Poder Público ou, quando permitido, aquela que cumpriu todos os trâmites legais para a transferência de outorga. Qualquer transgressão a esse princípio, seja por arrendamento de programação, seja por subconcessão, seja por transferências veladas por meio de contratos de gaveta, é uma subversão de princípios, que termina por escamotear quem são os verdadeiros responsáveis pela programação de uma determinada emissora e, consequentemente, configura uma tentativa de se enganar o Estado […] ameaçando assim a própria pluralidade e a livre circulação de informações”.</span></span><br />
<span style="line-height: 18px;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span style="line-height: 18px;">É difícil acreditar que haverá interesse parlamentar em concretizar a restrição ou o fim de arrendamentos e garantir empregos de radialistas, jornalistas, técnicos. Afinal, conforme levantamento do site</span><span style="line-height: 18px;"> </span><a href="http://donosdamidia.com.br/levantamento/politicos" style="border: 0px; color: #188282; font-stretch: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: inherit; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Donos da Mídia</a><span style="line-height: 18px;">, há centenas de políticos proprietários de grupos de mídia e emissoras de rádio e televisão. Um deles – o ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), que foi deputado federal por 11 mandatos – está no</span><span style="line-height: 18px;"> </span><a href="http://www.ebc.com.br/conselho-de-comunicacao-social" style="border: 0px; color: #188282; font-stretch: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: inherit; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Conselho de Comunicação Social</a><span style="line-height: 18px;">, órgão consultor do Congresso “para assuntos de liberdade de expressão, radiodifusão, imprensa escrita e telecomunicações”. Um problema tão complicado quanto o aluguel de emissoras.</span></span>Rafael Mottahttp://www.blogger.com/profile/08722854706667050867noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2714343965592385327.post-10032253517582050032015-08-20T12:02:00.001-03:002015-08-20T12:03:15.281-03:00À espera de respostas<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: large;"><span style="line-height: 100%;">“</span><span style="line-height: 100%;">Se
o empresariado, especialmente o empresariado do setor das
comunicações, entender que o custo da permanência da presidente é
maior do que o custo da sua saída, o PMDB desembarca”.</span></span></div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span style="font-size: large; line-height: 100%;"><br /></span></span></div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span style="font-size: large; line-height: 100%;">O que
pretendeu dizer Aloysio Nunes Ferreira, senador da República pelo
PSDB de São Paulo, ao fazer, da tribuna, <a href="http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2015/08/17/aloysio-nunes-diz-que-psdb-apoiara-impeachment-de-dilma.htm" target="_blank">um prognóstico do tipo</a> no
dia seguinte aos protestos de domingo (16)?</span></span></div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: large; line-height: 100%;"><br /></span></div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: large; line-height: 100%;">Teria
o parlamentar ignorado que a alta direção do Grupo Globo, por
exemplo (e por razões não explicitadas), <a href="http://www1.folha.uol.com.br/poder/2015/08/1669282-diante-de-crise-grupo-globo-pediu-moderacao-a-politicos.shtml" target="_blank">pediu aos políticos queajam com moderação</a> em meio a esta crise política? </span></div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: large; line-height: 100%;"><br /></span></div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: large; line-height: 100%;">Estaria Ferreira
incomodado com o fato de que os protestos vistos país afora, ainda
que superiores aos de abril, tenham sido menos frequentadas que as de
março último?</span></div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: large; line-height: 100%;"><br /></span></div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: large; line-height: 100%;">Disporia
o senador de procuração do empresariado nacional e de um partido
que não o seu para declarar que o PMDB “desembarca” da base
governista caso entenda isso como menos custoso? </span></div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: large; line-height: 100%;"><br /></span></div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: large; line-height: 100%;">Se o governo cair e
o PMDB ficar à frente dele, seja com o vice-presidente Michel Temer
ou o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, o PSDB
tentaria fazer parte do grupo?</span></div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: large; line-height: 100%;"><br /></span></div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: large; line-height: 100%;">E,
se tentasse, o PSDB acenaria com algum tipo de vantagem ou anistia
financeira ao “empresariado, especialmente o empresariado do setor
das comunicações”? </span></div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: large; line-height: 100%;"><br /></span></div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: large; line-height: 100%;">Para o congressista, o que interessa mesmo é
o que pensa o empresariado, independentemente das implicações que
possa haver ao cidadão comum?</span></div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: large; line-height: 100%;"><br /></span></div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: large; line-height: 100%;">Preocupariam
pouco ou quase nada ao senador a instabilidade das instituições
políticas e a brecha que tal situação abriria aos assanhados por
“intervenções” inconstitucionais, fora da lei?</span></div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: large; line-height: 100%;"><br /></span></div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: large; line-height: 100%;">A
esperança está em que os cidadãos começam a perceber que não há
diferença de métodos e objetivos entre governistas e seus
adversários. Por conta própria, já há quem desmonte e
ridicularize discursos de ataque e defesa vindos de partidos
políticos. </span></div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: large; line-height: 100%;"><br /></span></div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: large; line-height: 100%;">Triste é ver a escassa participação da imprensa na
análise justa e no esclarecimento desses conflitos em busca de
poder.</span></div>
Rafael Mottahttp://www.blogger.com/profile/08722854706667050867noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2714343965592385327.post-33202709846499400112015-08-14T11:54:00.002-03:002015-08-14T13:08:49.153-03:00Falta um parágrafo<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Temos leis, decretos e normas demais. E, quanto mais existem, menos são capazes de abranger todas as possibilidades de uma questão. É o que ocorre na <b>posse de Fábio Duarte na Câmara de Santos, terceiro suplente</b> da coligação do falecido Marcus De Rosis, assegurada por ordem da Justiça.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Por que Duarte está lá? Porque, no entendimento do juiz local José Vítor Teixeira de Freitas, <b>os dois primeiros suplentes (Boquinha e Fabiano da Farmácia) trocaram de sigla,</b> o que representaria infidelidade partidária; e o mandato pertence ao partido ou coligação que a ele tem direito. No caso, o PSD.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">É preciso salientar que <b>o novo vereador não está nesse partido</b>. Não porque tenha saído dele: por ser policial militar, é impedido de estar filiado a uma legenda, exceto em períodos eleitorais. E, ao assumir em definitivo a vereança, deverá ser aposentado, pois militares não podem exercer atividade política.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Porém, <b>Boquinha apelará à Justiça para tomar posse</b>, ainda que não seja aceito pelo PMDB, ao qual cogita retornar (a coligação da qual fazia parte era a PMDB/PSD/PTdoB) -- ele se mudou para o PSDB do prefeito Paulo Alexandre Barbosa e, até esta semana, ocupava cargo comissionado no governo.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Toda essa <b>confusão é resultado das interpretações que permite a <a href="http://www.tse.jus.br/arquivos/tse-resolucao-22-610" target="_blank">Resolução 22.610, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE)</a></b>. O Artigo 1º diz: "O partido político interessado pode pedir, perante a Justiça Eleitoral, a decretação da perda de cargo eletivo em decorrência de desfiliação partidária sem justa causa".</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Então, <b>vamos interpretar</b>: se o ocupante de cargo eletivo se desfiliou sem motivo justo, pode perder o mandato. Mas, sobre Boquinha, como ele perderia um cargo que não exerce, pois ficou na suplência? Ou a resolução antecipa as coisas: "Se é suplente, mas mudou de partido, deve ser barrado antes da posse"?</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Tudo se resolveria com a inclusão de um parágrafo</b> nesse artigo da resolução: "Esta medida é válida também para os suplentes ao cargo eletivo disputado na eleição imediatamente anterior à atual legislatura". Pouparia o uso do sobrecarregado Poder Judiciário e reduziria a farra da mudança partidária por interesse pessoal.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Mas o Congresso Nacional</b>, que deveria legislar sobre o assunto, em vez de deixar que o TSE tome as providências das quais os deputados federais e senadores deveriam cuidar, <b>está preocupado é com dinheiro</b>: acabou de passar na Câmara o <a href="http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,camara-aprova-reforma-politica-e-mantem-doacoes-eleitorais-de-empresas,1743030" target="_blank">financiamento privado a partidos políticos para campanhas eleitorais</a> -- a origem de tantos escândalos.</span><br />
<div>
<br /></div>
Rafael Mottahttp://www.blogger.com/profile/08722854706667050867noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2714343965592385327.post-15740058013825687252015-08-12T09:11:00.001-03:002015-08-12T16:58:58.673-03:00Os anéis, os dedos, a mão<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiC8l-49uEM-jKmmWodQwmLDp7aH9izM8SWU7r8mIWVo3fzS2pfEi6S14EgEbA9jlfiGW776YBvYdeoVsZyQ7cipQeFTodmq7w7MTmPrOMbVQs_pwX4_HrLDoL3qO0aEa3dCgFZaBSr29s/s1600/DeRosisOlhos-ArquivoPessoal.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="169" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiC8l-49uEM-jKmmWodQwmLDp7aH9izM8SWU7r8mIWVo3fzS2pfEi6S14EgEbA9jlfiGW776YBvYdeoVsZyQ7cipQeFTodmq7w7MTmPrOMbVQs_pwX4_HrLDoL3qO0aEa3dCgFZaBSr29s/s320/DeRosisOlhos-ArquivoPessoal.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: left;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;"><i>Foto: Arquivo Pessoal</i></span></td></tr>
</tbody></table>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A concentração de poder em um nome e/ou o comodismo de tantos outros filiados faz com que o PMDB de Santos esteja vivendo uma luta na qual tem duvidosas chances de sucesso: evitar sua desintegração entre este ano e o próximo.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Tudo se deve à morte, no último sábado (8), de seu presidente municipal, vereador Marcus De Rosis, que também presidia a Câmara de Vereadores. Lutava para emplacar um vice do partido na chapa que o prefeito Paulo Alexandre Barbosa (PSDB) montará nas eleições do próximo ano.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Sem De Rosis, o mundo peemedebista caiu. Não é mais costume (deveria ser, mas é outro assunto) esperar que um homem de 54 anos, ativo e de quem não se tinha notícia de evidentes problemas de saúde morrer repentinamente, como aconteceu com o vereador -- alegrias de manhã, um infarto fatal à tarde.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Todos estamos sujeitos a isso. E, no caso do PMDB, sujeitar-se ganha outro significado. O maior deles, neste momento, talvez seja aceitar de volta uma ovelha desgarrada que não via oportunidade de ascensão pessoal dentro dele: o imediato suplente de De Rosis, Geonísio Pereira de Aguiar, o Boquinha.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Hoje (12), em "A Tribuna", Boquinha cogita retornar ao PMDB, pois sabe que a legenda está disposta a apelar à Justiça Eleitoral a fim de conservar o mandato. A sigla deverá alegar infidelidade partidária. O secretário-geral da agremiação no Estado, Jorge Caruso, indica que pode não aceitar Boquinha de volta. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">No entanto, descobriu-se que Fábio Duarte, terceiro suplente, continua em um dos partidos que integravam a coligação encabeçada pelo PMDB em 2012, o PSD. Se vingar a tese da fidelidade, é ele quem tomará o lugar deixado pelo vereador morto. E o PMDB ficaria, do mesmo jeito, com três nomes na Câmara.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Por isso, pode-se acreditar que o PMDB acabará recebendo Boquinha, homem bom de voto (e apenas por essa qualidade, ainda que possa ter outras), para que o partido não se desmanche ainda mais. Não deverá mesmo ter a vice-prefeitura. Então, terá de continuar vivendo no Legislativo, e sendo governista.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Mas um lembrete é o PP do tempo de Beto Mansur (1997-2004), quando detinha a Prefeitura. Chegou a haver um "jumbão" na Câmara, com, salvo engano, nove dos 21 vereadores naquele tempo. Tendo cada qual com seu interesse, o PP desfragmentou-se. Hoje, praticamente inexiste na cidade. Até Mansur saiu.</span>Rafael Mottahttp://www.blogger.com/profile/08722854706667050867noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2714343965592385327.post-35631019664952963922015-07-03T11:17:00.000-03:002015-07-03T11:17:49.325-03:00Quando se renuncia a si mesmo<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Não tenho amargura por nada. Sou daqueles que se satisfazem com coisas simples. Mas, às vezes, sinto tristeza por minha cidade. Santos, onde nasci, vivo, trabalho e formei família, deixou de lado seu lema. Caridade e fraternidade ficaram no brasão.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Isso não é novidade: vem de uns 20 anos para cá. O pior, talvez, é que Santos tem sido dominada por um comportamento que um ex-editor, Dario Palhares, classificava como "jequice" -- isto é, reverenciar coisas desimportantes ou imitar (mal) os outros.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Para mim (repito: para mim, pode não ser para você), trocar os cordonéis (o contorno de cimento que separa o gramado e a calçada) do jardim da praia por reproduções das muretas dos canais, e gastar R$ 510 mil com isso, é um exemplo "jeca".</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Agora, e aí está o que me faz lembrar de Palhares, vem a notícia de que Santos antecipará seu desfile oficial de escolas de samba em uma semana. Por quê? Pelo fato de que dirigentes das agremiações daqui querem ir aos desfiles de SP e Rio.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Quer dizer: Santos, que já teve o segundo maior Carnaval do País e de onde veio a inspiração para festas maiores, renuncia a cair na folia no período em que todo o Brasil a fará. E com autorização da Prefeitura, que deveria zelar por tradições.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Exceto se tiverem concluído que, afinal, não temos vontade nem competência para resgatar um grande passado de agremiações com samba e cultura popular. Esta última, marginalizada não somente em Santos, mas em todo o mundo "civilizado".</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Então, que não se gaste dinheiro público com algo que os dirigentes de escolas de samba locais preferem ver lá fora. E deixem de "jequice". Senão, logo anteciparão a queima de fogos do Ano-Novo santista para não coincidir com a de Copacabana.</span>Rafael Mottahttp://www.blogger.com/profile/08722854706667050867noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2714343965592385327.post-27273976894208149272015-06-12T08:53:00.003-03:002015-06-12T08:53:37.782-03:00Um almirante, um navio e um deputado<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Morto ontem (11), aos
96 anos, no Rio de Janeiro, o almirante Júlio de Sá Bierrenbach era
capitão dos Portos do Estado de São Paulo. Assumiu duas semanas
após o Golpe de 1964 e, por seu cargo, era responsável pelo
navio-prisão 'Raul Soares', onde trabalhadores, sindicalistas e
quaisquer outros acusados de comunismo foram mantidos durante pouco
mais de meio ano.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Certa vez, um juiz
mandou soltar 16 presos desse navio. Treze deles foram levados de
barco à superfície. Bierrenbach disse a eles que estavam soltos.
Quinze minutos depois, mandou prendê-los de novo: alegou que todos
eram investigados, desta vez, em um inquérito conduzido por ele
próprio.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O então deputado
estadual Esmeraldo Tarquínio se pronunciou em plenário sobre esse
episódio. Indagou se o Brasil começava a viver o
"supermilitarismo", pois um militar se sobrepunha a uma
decisão judicial. O capitão dos Portos respondeu, pela Imprensa e
de forma indireta, que críticos como Tarquínio queriam continuar
sua "obra de corrupção", como supostamente antes do
Golpe.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Como resposta final, o
deputado, indignado com uma inédita acusação de corrupção contra
si (pois era honesto), deu dois recados ao militar: "aos
sapateiros, os sapatos", para afirmar que somente o eleitor
poderia avaliá-lo; e o último, mais duro, expressando que "a
honestidade é que legitima a farda, e não o contrário".</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Eleito prefeito de
Santos em 1968, Tarquínio foi impedido pela ditadura de tomar posse
e teve os direitos políticos suspensos. A acusação e a resposta ao
então capitão dos Portos estão registradas na ata da reunião do
Conselho de Segurança Nacional na qual foi cassado, no ano seguinte.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">E há saudosos da
ditadura, que nunca será devidamente esmiuçada e condenada porque
seus personagens morrem de velhice e porque poucos dão a mínima
para o que seja, por achar que "não é comigo".</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Mais informações
<a href="http://www.atribuna.com.br/noticias/noticias-detalhe/cidades/capitao-dos-portos-na-epoca-da-ditadura-morre-aos-96-anos/?cHash=db449a0c1d2298462fb827b0badde749" target="_blank">aqui</a>.</span>Rafael Mottahttp://www.blogger.com/profile/08722854706667050867noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2714343965592385327.post-3955888180364408752015-05-12T17:48:00.002-03:002015-05-12T17:48:38.941-03:00Mídia tradicional está no amarelo piscante<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><i>Artigo de minha autoria, publicado hoje (12) no <a href="http://observatoriodaimprensa.com.br/feitos-desfeitas/midia-tradicional-esta-no-amarelo-piscante/">'Observatório da Imprensa'</a>:</i></span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><i><br /></i></span>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><i>- - - - - - - - - -</i></span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<div style="border: 0px; font-stretch: inherit; line-height: 18px; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">“A quebra de sigilo é algo que a Justiça não costuma dar com base em notícias anônimas e equiparo um pouco a reportagem jornalística a uma notícia dessas porque não temos prova nenhuma.” A declaração foi feita ao <em style="border: 0px; font-stretch: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: inherit; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Estado de S.Paulo</em> e veiculada em sua versão digital na segunda-feira (4/5) pela procuradora Mirella Aguiar, do Ministério Público Federal (MPF) do Distrito Federal, responsável pelas investigações nas quais se apura se o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva cometeu ou não tráfico de influência no BNDES.</span></div>
<div style="border: 0px; font-stretch: inherit; line-height: 18px; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Ignorem-se os protestos e manifestações de simpatizantes e adversários de Lula, do PT, dos partidos de oposição e da própria imprensa: no que se refere à atividade jornalística e ao papel dos jornalistas, os comentários da procuradora demonstram com simplicidade máxima e clareza indiscutível que, à luz da Justiça, reportagens não constituem prova formal de coisa alguma. Do contrário, podem motivar desconfiança quanto a seu modo de produção, talvez impreciso; quem sabe, sujeito a interesses pouco republicanos e democráticos.</span></div>
<div style="border: 0px; font-stretch: inherit; line-height: 18px; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A apuração do MPF foi alvo da reportagem de capa da edição 882 da revista <em style="border: 0px; font-stretch: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: inherit; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Época</em>, sob a tarja “Exclusivo” e intitulada “Lula, o operador”. Segundo a matéria, o ex-presidente “tornou-se o lobista em chefe do Brasil” por, supostamente, ter se valido de seu poder político para que o BNDES financiasse pelo menos US$ 4,1 bilhões (mais de R$ 12 bilhões) à construtora Odebrecht – hoje, uma das que estão às voltas com a Operação Lava Jato – para que esta executasse projetos no exterior.</span></div>
<div style="border: 0px; font-stretch: inherit; line-height: 18px; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A reportagem se baseou em uma notícia de fato (procedimento investigativo preliminar) apresentada por outro procurador do MPF/DF. Conforme notícia veiculada pelo <em style="border: 0px; font-stretch: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: inherit; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Estadão</em>, ele se muniu de reportagens jornalísticas para iniciar as investigações. Aparentemente questionada pelo repórter de <em style="border: 0px; font-stretch: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: inherit; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">O Estado de S. Paulo</em> sobre a hipótese de que Lula viesse a ter seu sigilo quebrado (e não está específico se fiscal, bancário, telefônico ou vários, em conjunto), a procuradora deu mais uma resposta. “Se por acaso eu tiver esse deslize ou outro colega qualquer de, com base somente numa reportagem, pedir uma quebra de sigilo [na fase preliminar das investigações] e por acaso um juiz der, isso certamente será anulado no futuro. É preciso ter mais elementos. É preciso ter indícios veementes. A Constituição está certa em garantir a intimidade, senão bastava [<em style="border: 0px; font-stretch: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: inherit; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">sic</em>] qualquer um vir aqui dizer qualquer coisa para as pessoas terem os seus sigilos afastados.”</span></div>
<div style="border: 0px; font-stretch: inherit; line-height: 18px; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<strong style="border: 0px; font-stretch: inherit; font-style: inherit; font-variant: inherit; line-height: inherit; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">1.000 adultos foram entrevistados e 200 online</span></strong></div>
<div style="border: 0px; font-stretch: inherit; line-height: 18px; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Não se pode dizer que a comparação de reportagens a “notícias anônimas”, talvez um eufemismo para fofoca, seja sempre injusta, nem que se deva pôr a mão no fogo por todos os meios de comunicação. Na verdade, um juízo tão grave teria de motivar reflexões sobre a atividade jornalística e os rumos que veículos têm tomado na tentativa de cativar fatias específicas de público, por vezes abdicando de senso crítico para se limitar a fazer coincidir seu ponto de vista com o de uma clientela em potencial.</span></div>
<div style="border: 0px; font-stretch: inherit; line-height: 18px; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Supondo-se que tal esforço seja mais comercial do que informativo, está falhando. E um trabalho científico de alcance internacional parece refletir isso. A Edelman, que se intitula maior empresa mundial de relações públicas, divulgou em fevereiro mais uma edição do <em style="border: 0px; font-stretch: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: inherit; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Edelman Trust Barometer</em>, levantamento feito com 33 mil pessoas em 27 países para aferir a confiança de cidadãos em quatro setores – mídia, governo, ONGs e <em style="border: 0px; font-stretch: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: inherit; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">business</em> (negócios, em tradução livre) –, numa escala de notas que variam de 1 (<em style="border: 0px; font-stretch: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: inherit; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">do not trust it at all</em>, não acredita de jeito nenhum) a 9 (<em style="border: 0px; font-stretch: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: inherit; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">trust it a great deal</em>, confia muito).</span></div>
<div style="border: 0px; font-stretch: inherit; line-height: 18px; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">No Brasil, 1.000 adultos foram entrevistados pessoalmente e 200 online<em style="border: 0px; font-stretch: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: inherit; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">.</em> Estes últimos, classificados pelo Edelman como <em style="border: 0px; font-stretch: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: inherit; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">informed public</em> (público com bom nível de informação), têm de 25 a 64 anos, curso superior, renda familiar entre os 25% de maior ganho, dizem ser consumidores significativos de mídia e afirmam estar atualizados sobre notícias alusivas a negócios e políticas públicas. É a essa fatia dos cidadãos consultados que se referem os dados a seguir, pois foram os únicos apresentados em detalhes no levantamento.</span></div>
<div style="border: 0px; font-stretch: inherit; line-height: 18px; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<strong style="border: 0px; font-stretch: inherit; font-style: inherit; font-variant: inherit; line-height: inherit; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Cuidado antes de atravessar</span></strong></div>
<div style="border: 0px; font-stretch: inherit; line-height: 18px; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Pelo que se depreende dos dados brasileiros, a situação da mídia não é das piores – goza do oitavo maior nível de confiança, com 56% de aprovação. Está à frente de países como França (51%), Alemanha (45%), Suécia (44%) e Japão (31%, o menor índice entre as 27 nações). Porém:</span></div>
<div style="border: 0px; font-stretch: inherit; line-height: 18px; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">>> O nível de confiança caiu entre 2014 e este ano, de 63% para 56% dos entrevistados;</span></div>
<div style="border: 0px; font-stretch: inherit; line-height: 18px; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">>> A mídia foi a única das quatro instituições a ter queda na confiança, no Brasil. Muito mais pessoas acreditam nela do que no governo (o índice deste subiu de 34% para 37%, com a 19ª posição geral), mas menos do que em <em style="border: 0px; font-stretch: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: inherit; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">business</em> (de 70% para 73%, o 5º lugar na tabela) e foi ultrapassada por ONGs (cuja confiabilidade cresceu de 62% para 70%, com a 9ª colocação);</span></div>
<div style="border: 0px; font-stretch: inherit; line-height: 18px; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">>> A “mídia tradicional”, antes com 74% de confiabilidade, desceu a 66% e, agora, empata com a “mídia híbrida” (utilização conjunta de meios tradicionais e mais recentes, digitais), que oscilou de 65% para 66%. Na comparação mais ampla oferecida pelos dados divulgados, a tradicional detinha índice de 79% em 2012, ante 61% do sistema híbrido;</span></div>
<div style="border: 0px; font-stretch: inherit; line-height: 18px; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">>> Como contraponto, não se trata de um problema unicamente brasileiro. Dos 27 países consultados, a confiança na mídia em geral aumentou em 12 e caiu em 15, incluído o Brasil. Na média mundial, houve decréscimo de 53% para 51% nesse indicador, e o governo, em leve alta, está quase empatado com a mídia em credibilidade (de 45% para 48%; a confiança no governo cresceu em 16 nações, o Brasil fora delas).</span></div>
<div style="border: 0px; font-stretch: inherit; line-height: 18px; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Pode-se concluir que, com base no levantamento, brasileiros creem mais na mídia do que no governo. Mas a diferença de opiniões favoráveis, ainda que significativa, diminuiu de 29 para 19 pontos percentuais em um ano. E está em alta a credibilidade na “mídia híbrida”, enquanto as mídias sociais atingiram 62% neste ano (59% em 2012, mas 63% em 2014) e sistemas <em style="border: 0px; font-stretch: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: inherit; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">online</em> de pesquisa – cujo maior exemplo, ainda que não mencionado expressamente, é o Google – isolam-se na liderança (79% em 2012, 81% em 2014 e 79% neste ano).</span></div>
<div style="border: 0px; font-stretch: inherit; line-height: 18px; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Por esses dados e considerando, outra vez, as comparações que faz a procuradora federal entre “reportagem jornalística” e “notícias anônimas”, a mídia tradicional do Brasil está no sinal amarelo piscante, aquele no qual se recomenda cuidado antes de uma travessia. Como passará?</span></div>
<div style="border: 0px; font-stretch: inherit; line-height: 18px; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Fonte: EDELMAN. 2015 Edelman Trust Barometer. <a href="http://pt.slideshare.net/EdelmanInsights/2015-edelman-trust-barometer-brazil?ref=http://www.edelman.com.br/propriedades/trust-barometer/" style="border: 0px; color: #188282; font-stretch: inherit; font-style: italic; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: inherit; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Disponível aqui</a>, acesso em: 7 mai. 2015.</span></div>
<div style="border: 0px; font-stretch: inherit; line-height: 18px; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">***</span></div>
<div style="border: 0px; font-stretch: inherit; line-height: 18px; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Rafael Motta é editor-assistente de Cidades do jornal <em style="border-image-outset: initial; border-image-repeat: initial; border-image-slice: initial; border-image-source: initial; border-image-width: initial; border: 0px; font-stretch: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: inherit; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">A Tribuna</em>, de Santos (SP), e autor do blog<em style="border-image-outset: initial; border-image-repeat: initial; border-image-slice: initial; border-image-source: initial; border-image-width: initial; border: 0px; font-stretch: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: inherit; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Reexame</em> (<a href="http://www.reexame.blogspot.com.br/" style="border-image-outset: initial; border-image-repeat: initial; border-image-slice: initial; border-image-source: initial; border-image-width: initial; border: 0px; color: #188282; font-stretch: inherit; font-style: italic; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: inherit; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">www.reexame.blogspot.com.br</a>)</span></div>
Rafael Mottahttp://www.blogger.com/profile/08722854706667050867noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2714343965592385327.post-80229241632912523452015-04-13T09:12:00.002-03:002015-04-13T09:14:44.640-03:00Um grão de areia na 'praia' Brasil<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Zero vírgula vinte e
três. Por extenso, é o percentual da população brasileira que,
somando-se todos os protestos de ontem (12), saiu às ruas contra a
presidente Dilma Rousseff e o governo.</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Traduzindo: segundo
cálculos das polícias dos estados, 456 mil pessoas utilizaram o
domingo para se manifestar, ante 2 milhões em 15 de março -- isso
considerando, segundo a PM, metade delas só na Capital paulista.</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O que deu errado? A
oposição, sempre ela.</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Porque, em sua tática
de guerra para pressionar o governo a atender suas vontades, o
presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), levou ao plenário,
justamente na semana que se passou, o projeto da terceirização.</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">E porque, entendendo
que demonstrar força é uma forma (na avaliação de opositores) de
mostrar a fragilidade do Planalto, oposicionistas melaram o próprio
discurso. Que, afinal, não resiste ao confronto mais rasteiro.</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Como entender que o
PSDB, por exemplo, tenha tido a insensibilidade política de, em vez
de sugerir o adiamento do debate (e, assim, não desviar o foco dos
protestos que haveria), ainda ter votado em peso no projeto?</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">De que maneira aceitar
que outro opositor, o eterno líder sindical Paulo Pereira da Silva
(SD-SP), vá à televisão reclamar de que o governo mexeu no
seguro-desemprego e, na mesma semana, vote pela terceirização?</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O eleitor, por mais
descontente que esteja com PT e governo, começa a perceber (ufa!)
que o problema não é apenas a Presidência: se depender do
Congresso e da oposição para defendê-lo, estará ainda mais
perdido.</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Se for menos desastrado
do que os opositores, o governo terá acabado de ganhar a chance de
se reerguer perante a opinião pública. O mínimo que vier a
conseguir será lucro. Mesmo que pouco ou nada melhore nossa vida.</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
</span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Porque 0,23% da
população na rua bradando por impeachment representa, apenas e tão
somente, pouco mais do que o total de habitantes de Santos. Um grão
de areia na 'praia' Brasil.</span>Rafael Mottahttp://www.blogger.com/profile/08722854706667050867noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2714343965592385327.post-17149689906138553672015-03-26T11:38:00.002-03:002015-03-26T11:38:26.509-03:00Sozinhos, mas com ajuda da escola<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O jornal 'A Tribuna', de Santos, SP, mostra hoje (26) o protesto de um grupo de estudantes que fez passeata para protestar por melhorias no colégio e em apoio a seus professores, em greve por melhores salários.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Excelente! Aleluia! Insatisfação é algo que, quando possível, deve ser revelada. Mas é preciso saber a quem manifestá-la. Os alunos são de uma escola estadual. Aonde foram reclamar? Na porta da Prefeitura!</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A alegação de que o prefeito é do mesmo partido do governador não ajuda. Especialmente porque os alunos não souberam dizer por que não foram à Diretoria Regional de Ensino, à qual cabe a Educação estadual.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Sobra informação. Todo mundo "sabe" de tudo hoje, desde a infância. Basta ir ao Google. Vinte anos atrás, ninguém da escola estadual onde eu estudava, a Olga Cury, em Santos, nem imaginava o que seria internet.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Mas nós saímos em passeata contra a ideia do Governo Estadual de comprar vales-transporte para que alunos estudassem, se necessário, do outro lado da cidade, em vez de abrir salas de aula onde era preciso.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">E fomos caminhando à então Delegacia Regional de Ensino. Alguém arrumou, não sei quem, um carro de som. Fiz parte do grupo de alunos que foi ao gabinete, mostrou o absurdo que era a ideia e foi embora.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Não nos passou pela cabeça, não sei por que, procurar algum político que fosse para encaminhar nossa reivindicação. Não poderíamos ter feito coisa melhor: a delegacia se sensibilizou conosco e abandonou a ideia.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">(Por isso, deixo um recado aos garotos e garotas que não eram nascidos naquele 1995 tão distante: jamais procurem intermediários para aquilo que vocês realmente podem resolver sozinhos. Façam vocês mesmos.)</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Depois que terminei o Ensino Médio, começou a vigorar a Progressão Continuada nas escolas. Uma bela intenção, não tivesse sido aplicada com o único propósito de acabar artificialmente com a reprovação escolar.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Muitas reportagens surgiram, com o tempo, mostrando que jovens à beira de um vestibular mal sabiam escrever o próprio nome ou, em situação menos pior, não compreendiam o que estavam lendo.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Eu imagino que isso tenha relação com o fato de a escola não estar sendo capaz de incentivar cidadania e compreensão das coisas, até como forma de amenizar a deficiência na educação de berço de muita gente.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Nada a ver com as aulas de "Educação Moral e Cívica" da minha época. Eram um resquício inútil da ditadura porque, enquanto fazíamos uma lição qualquer, a professora preenchia cruzadinhas. Ou dormia! Subversiva?</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Aos professores em greve na rede estadual, sugiro que reivindiquem o poder de avaliar seus alunos profundamente. Não para reprová-los, mas para entendê-los e lhes dar caminhos para que busquem ser melhores.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">E, também, para que saibam de quem é a responsabilidade em cada caso. Ainda, para que, num novo protesto qualquer, tenham na cabeça exatamente o que pedir e uma proposta para resolver o que está errado.</span>Rafael Mottahttp://www.blogger.com/profile/08722854706667050867noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2714343965592385327.post-45092306474212120832015-01-02T21:20:00.000-02:002015-01-02T21:20:06.006-02:00Reforma Coletiva<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;">É o nome da página que criei, no Facebook, para propor leis que representem uma reforma política na prática. Já tem dois anteprojetos: </span></span><br />
<br />
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;">a) O que limita a reeleição de ocupantes de cargos públicos eletivos (como deputados federais e senadores);</span></span><br />
<br />
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;">b) O que muda o sistema de aposentadoria dos congressistas (em vez de um sistema próprio, seria pelo INSS, com as mesmas regras aplicadas a qualquer trabalhador que contribui à Previdência Social).</span></span><br />
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><br /></span></span>
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;">Esteja à vontade para sugerir temas e aperfeiçoamentos aos textos que redigi. Acredito que poderemos ter um sistema político melhor e no qual prevaleça gente disposta a servir a comunidade.</span></span><br />
<br />
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;">Curta, compartilhe e participe. E um bom ano para nós:</span></span><br />
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><br /></span></span>
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><a href="https://www.facebook.com/reformacoletiva">https://www.facebook.com/reformacoletiva</a></span></span>Rafael Mottahttp://www.blogger.com/profile/08722854706667050867noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2714343965592385327.post-25524068699467073162014-12-23T10:30:00.004-02:002014-12-23T10:30:38.577-02:00Submersos<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Perto de fazer 60 anos,
meu pai nunca tinha passado por algo que acompanhou durante décadas
enquanto repórter-cinematográfico: ver a própria casa se encher de
água, em São Vicente.</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A chuva produziu uma
'piscina' com quatro dedos de altura dentro de onde mora. No entorno,
tudo inundado. Ele e os vizinhos estão ilhados; ninguém entra,
ninguém sai. Impossível ir trabalhar hoje.</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">-- Filho, isso é
porque São Vicente é a primeira [cidade fundada no país]. Se fosse
a última...</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">E não é a única.
Todos aqui devem ter visto o efeito do temporal em ruas, casas, nas
estradas. Mas já choveu mais forte outras vezes. Foi mais água do
que no mês todo, mas no mês não havia chovido quase nada.</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">É um desastre. Ninguém
morreu, mas tudo o que implique impedir gente de até mesmo sair de
casa é um desastre. E possíveis emergências? Um parto? Um enfarte?
Como trabalhar?</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Esse desastre estava
'no forno' e é o resultado de dois 'ingredientes' altamente
'calóricos', não necessariamente nesta ordem: parte do povo é
porca, no asfalto e na favela; e temos governos estúpidos,
insensíveis.</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Não pode ser normal um
governo que asfalte todas as ruas que vê, em especial na orla, e não
pense que isso não vá deixar o solo menos impermeável (aonde a
água vai escoar?) nem entupir bocas de lobo.</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Não pode ser
inteligente uma administração que libera a construção civil para
fazer o que quiser. Em Santos, o concreto é o principal motivo de
entupimento das galerias pluviais. Chove pouco, alaga muito.</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Deve ter piorado algo
que o colega Flávio Leal e eu constatamos em reportagem de 'A
Tribuna', há cinco anos: 20% da população da região vivia em áreas sob
risco de inundações, deslizamentos de terra e incêndios.</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Porque não pode ser
justa uma prefeitura que deixa correr a invasão de áreas
irregulares por ser incapaz de se acertar com outras esferas de
governo e criar condições dignas de moradia para seu povo.</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Esta tal região
metropolitana também está, no sentido figurado, debaixo d'água.
Ninguém entre os que têm poder político para defendê-la faz da
regionalização e das soluções conjuntas sua bandeira.</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A inundação de
estradas, por onde passam todo dia milhares pessoas impedidas de
morar em uma </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">cidade e obrigadas a
trabalhar em outra, é um símbolo muito interessante do que
aconteceu com a metropolização.</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
</span></div>
<br />
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Você conhece algum
político cuja casa foi invadida pela água da chuva?</span></div>
Rafael Mottahttp://www.blogger.com/profile/08722854706667050867noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2714343965592385327.post-24381401691806131152014-12-10T09:05:00.001-02:002014-12-10T09:05:55.417-02:00Os semelhantes que ninguém quer<i><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">(Texto publicado hoje, 10/12, na seção 'Papo com os Editores', do jornal 'A Tribuna', de Santos, SP)</span></i><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Não há motivo para perder tempo com o óbvio: um organismo da Prefeitura de Suzano ordenou que oito sem-teto fossem enviados para fora dessa cidade. Se pediram para desembarcar em Santos, era porque, de algum modo, estavam sendo forçados a sair do lugar aonde tinham ido por razões que só a eles interessam. Nisso se resume o direito constitucional de ir e vir. Puna-se quem o fere.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O que se deve discutir mais profundamente é por que nos incomodamos mais com o aspecto visual da miséria do que com os efeitos causados por ela na vida de pessoas que ninguém quer por perto. Não se pretende que Santos, nem nenhuma outra cidade, seja um oásis para desabrigados. Mas, se esta é a Terra da Caridade e da Liberdade, nada justifica que não se ajudem moradores de rua.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Santos, que sempre recebeu gente desabrigada, poderia ampliar seu serviço de busca e acolhimento a pessoas nessas condições. Já se sabe que três quartos delas não são santistas. De onde vêm? Por que vieram? O que pretendem? Desejam voltar? Se não, como poderiam se fixar aqui dignamente?</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Mais ainda: o Município bem que poderia dar o ponto de partida para um trabalho de dimensão nacional, ao contatar as prefeituras dos locais de origem dos sem-teto que recebe e levar essas informações para as esferas estadual e federal.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A finalidade prática disso poderia ser o desenvolvimento de ações para garantia de instrução escolar, qualificação profissional, alocação em moradias populares. Tudo para pôr em prática o Decreto 7.053, federal, que estabelece a Política Nacional para a População em Situação de Rua.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Utopia? Pode ser. Queremos miseráveis por perto? Não. Mas que não seja por razões estéticas, e sim, pelo desejo de que também desfrutem de bem-estar. Há pessoas que não querem nada com a vida em qualquer classe social. Não façamos dos desvalidos os semelhantes que ninguém quer.</span>Rafael Mottahttp://www.blogger.com/profile/08722854706667050867noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2714343965592385327.post-30502494363388834052014-12-05T09:41:00.000-02:002014-12-05T09:41:06.580-02:00A Câmara de Santos e a 'banana-ouro'<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A imprensa é importante na fiscalização das instituições, na denúncia dos abusos de poder, dos superfaturamentos de obras e coisa e tal.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Mas a democracia tem outros poderes: o Executivo (quem governa) e o Legislativo (que, além de propor leis, fiscaliza quem governa).</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O problema é que, no regime democrático brasileiro (não só aqui, mas também), os governantes e legisladores se limitam a reagir à imprensa.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Como no caso dos altos preços dos alimentos para os animais do Orquidário de Santos: não fosse a imprensa, a Câmara nada diria.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">E quase não disse: um vereador de oposição falou, um governista leu uma carta de esclarecimento, um terceiro fez um discurso estranho.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Os outros 18? Um pede plantio de árvore. Outro elogia alguém. Raros são os vereadores e assessores capazes de, pelo menos, ler o Diário Oficial.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Era nesse jornal onde estava a tabelinha com o quilo da pera a R$ 14, o da a maçã a R$ 10,40 e o da banana-ouro (perdão, nanica) a R$ 8,50.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Mas os vereadores preferem ficar pedindo à Prefeitura coisas que qualquer cidadão poderia solicitar num telefonema. E ganham votos.</span>Rafael Mottahttp://www.blogger.com/profile/08722854706667050867noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2714343965592385327.post-88726686205840240572014-12-04T10:27:00.001-02:002014-12-04T10:28:30.549-02:00O Jovem Senhor de Santos<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Posso até parecer a
falecida Velhinha de Taubaté (não a conhece? O Google 'explica'),
mas as manobras que a oposição está fazendo contra o governo me
levam a ligar uns pontos (um avanço em relação à Velhinha):</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">1. Com outras palavras,
Dilma disse que os órgãos competentes terão liberdade para
investigar tudo e todos que se ligam à roubalheira na Petrobras. Não
sejamos hipócritas: por séculos, não tiveram;</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">2. À medida que as
apurações avançam, a oposição se concentra nas contas da
campanha de Dilma, que estão nas mãos do ministro do STF Gilmar
Mendes (aquele que tem medo do "bolivarianismo");</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">3. Essa fixação pelas
contas de Dilma se deve à hipótese de que dinheiro de propina na
Petrobras teria caído nas contas do PT. É como se, batendo nisso
com frequência, se acelerasse o julgamento das contas;</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">4. Na possibilidade de
que isso venha a levar a um processo de impeachment contra Dilma, a
oposição teria como chegar ao poder. Eleições? Não agora. Mas
com o PMDB, que vai aonde o poder está;</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">5. Por quê? Sem
presidente, há o vice, Michel Temer, do PMDB. Mas, se caísse junto,
o cargo ficaria com o presidente da Câmara. O deputado Eduardo
Cunha, peemedebista de oposição, cobiça o cargo;</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">6. De volta ao item 1,
sabe-se que a roubalheira na Petrobras respinga em todos os partidos,
menos no PSOL -- portanto, incluem-se nela os grandes da oposição.
Se ela chegar ao poder, adeus, investigações.</span></div>
Rafael Mottahttp://www.blogger.com/profile/08722854706667050867noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2714343965592385327.post-44998076961915754782014-12-01T10:19:00.001-02:002014-12-01T10:22:47.732-02:00Expectativa de (sobre)vida<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Quando o governo criou o fator previdenciário, a expectativa de vida no Brasil em 1998 era de 68,1 anos. Para 2013, como divulgado hoje (1º/12), é de 74,9. Se eu viver, terei 65 anos em 2043 (e 51 de trabalho, nem sempre com INSS); mantendo-se o ritmo, até lá a expectativa será de 88,5 anos.</span><div style="background-color: white; color: #141823; font-size: 14px; line-height: 19.31999969482422px; margin-bottom: 6px;">
</div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O negócio é ser como o sanhaço aqui de casa, que não precisará de aposentadoria, e se enfiar debaixo da cama?</span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhpISxarC18OoSCPWaKNle0mTC4w4LPqXXiEM8Oj_wFln7_T94ElUnyRYYi2GyKPyDGWNh_mQb7NOHrqKU29QpGCf4XECxcq1wmtRnZ9HYVWIMDiQU4ZOhhTMYDUooGMD3UD8Wi7VUbH-U/s1600/Sanha%C3%A7o.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhpISxarC18OoSCPWaKNle0mTC4w4LPqXXiEM8Oj_wFln7_T94ElUnyRYYi2GyKPyDGWNh_mQb7NOHrqKU29QpGCf4XECxcq1wmtRnZ9HYVWIMDiQU4ZOhhTMYDUooGMD3UD8Wi7VUbH-U/s1600/Sanha%C3%A7o.jpg" height="358" width="640" /></a></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
Rafael Mottahttp://www.blogger.com/profile/08722854706667050867noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2714343965592385327.post-6275823928649650622014-11-10T08:32:00.001-02:002014-11-10T08:32:11.270-02:00Calendário<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Dez de novembro.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Há 32 anos, morria Esmeraldo Tarquínio (1927-1982), cassado antes de ser empossado prefeito. O único negro eleito para o cargo na história de Santos. Voz forte, mas sem bravatas, contra a ditadura.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Catorze anos atrás, partia David Capistrano (1948-2000). Também foi prefeito de Santos. Referência internacional em saúde pública, revolucionou a da cidade. Menos aids, mais policlínicas.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Substitutos, por favor?</span>Rafael Mottahttp://www.blogger.com/profile/08722854706667050867noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2714343965592385327.post-39664036276259899682014-11-02T19:02:00.001-02:002014-11-02T19:02:21.412-02:00Debate literário no Sesc-Santos (em 13/11)<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span class="fsl">Pessoal: em 13/11, quinta-feira, às 19h, serei mediador de um debate com o jornalista e escritor Rondon de Castro, radicado no Rio Grande do Sul e que estará em Santos (SP) nesse dia. Detalhes a seguir. Se puder, apareça. Será no auditório do Sesc (Rua Conselheiro Ribas, 136, Aparecida). É de graça.</span></span><br />
<br />
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span class="fsl">- - - - - - - - - - </span></span></div>
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiKH_XoEO4T9C0HA_UHWLQbVQjYcFlD8OB6e8QmVOFXsnAUHPEo2FmxlyvC2T9BKLoYB9ZYJ8rj6k9AGhOba41_aQl1Zr2ZGmjsEZzNNAOK8JcI8CzLKrLZS8QvsMY4uUBhMyI0ZKMvakE/s1600/AMorteComoCompanhia.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiKH_XoEO4T9C0HA_UHWLQbVQjYcFlD8OB6e8QmVOFXsnAUHPEo2FmxlyvC2T9BKLoYB9ZYJ8rj6k9AGhOba41_aQl1Zr2ZGmjsEZzNNAOK8JcI8CzLKrLZS8QvsMY4uUBhMyI0ZKMvakE/s1600/AMorteComoCompanhia.jpg" height="320" width="176" /></a><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><i><span class="fsl">Na vida, a certeza está na morte: somos finitos. Mas
não se trata de um evento único. Mesmo que signifique o fim da
existência na Terra, morrer tem relação com circunstâncias e momentos
esperados, dolorosos, incertos ou trágicos. Não importa onde.<br /> <br /> É
desses acontecimentos que trata 'A Morte como Companhia', livro do
jornalista e escritor Rondon de Castro. Trata-se de uma obra de ficção
que contém elementos ilustrativos de determinadas épocas históricas do
Brasil e no mundo.<br /> <br /> Santos (SP), por exemplo, onde será
realizado o debate com Castro, está presente. De passagem, mas, como
outros lugares, de maneira importante no contexto dessa narrativa ágil,
mas de profunda reflexão, sobre a morte. Ou o quanto se está pe<span class="text_exposed_show">rto dela.<br /> <br />
O encontro com Rondon de Castro é aberto a quaisquer interessados em
literatura e em discutir o quanto estamos acompanhados do destino comum a
toda criatura: a morte.<br /> <br /> O mediador do debate será o jornalista e escritor Rafael Motta, editor-assistente de Cidades do jornal 'A Tribuna', de Santos.<br /> <br />
<b>Sobre o autor --</b> Rondon de Castro é doutor em Comunicação e Semiótica e
professor da Universidade Federal de Santa Maria (RS). Escreveu contos e
roteiros para cinema, dois curtas-metragens (dos quais também foi
diretor) e prepara um longa-metragem.<br /> <br /> <b>Sobre o livro --</b> 'A Morte como Companhia' - Editora Rio das Letras, Santa Maria (RS), 2014, 132 páginas</span></span></i></span>Rafael Mottahttp://www.blogger.com/profile/08722854706667050867noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2714343965592385327.post-29737615464177262172014-10-21T09:37:00.002-02:002014-10-21T09:37:20.992-02:00Baixada Santista vira o novo 'Circuito das Águas'<i><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Texto originalmente publicado nesta terça-feira (21) na seção Papo com os Editores, do jornal 'A Tribuna', de Santos (SP)</span></i><br />
<i><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></i>
<div style="text-align: center;">
<i><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- - - - - - - - - -</span></i></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">(Observação prévia:
a ironia é um recurso de linguagem destinado a tornar a crítica
mais aguda. Pode motivar francas gargalhadas ou risos nervosos. Neste
último caso, serve para externar a indignação de quem vê e sente
os efeitos de situações difíceis de explicar sem cair no ridículo.
Esse esclarecimento se faz necessário porque, em período eleitoral,
há assuntos delicados sobre os quais não se consegue conversar
civilizadamente, pois a temperatura dos debates não permite. Então,
que fique claro: o início do texto contém ironia. Ponto,
parágrafo.)</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Ao transferir o
Circuito das Águas do Interior para o Litoral, o Governo do Estado
dá impulso a um gênero turístico inédito: o roteiro da sede.
Também surpreende incontáveis nordestinos que fugiram da seca e
aqui viram, pela primeira vez, “a água que sai da parede”
(torneiras e chuveiros).</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A abundância não mais
existente se agravou por uma seca previsível e cujos efeitos
poderiam ter sido minimizados. Passada a eleição para governador, a
direção da Sabesp admitiu que a potencial gravidade do problema era
conhecida há pelo menos dois anos.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Mas, antes de avisar a
população com insistência, para não deixar dúvida de que se
tratava de uma catástrofe próxima, a Sabesp se dirigiu em primeiro
lugar à Bolsa de Nova Iorque. Informou, em primeira mão, acionistas
da empresa sobre a crise no sistema Cantareira.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Um levantamento do
Instituto Datafolha mostrou, nessa segunda-feira (20), que dois
terços dos paulistanos pretendem estocar água. Eles recebem água
do Cantareira, que está quase seco. E, como mostra hoje (21) 'A
Tribuna', milhares têm viajado de São Paulo para o Litoral em
busca de água.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Hotéis lotados,
estradas intransitáveis, tráfego irritantemente lento comprovam que
os fins de semana da temporada de verão estão sendo antecipados.
Quem vive na região e sofre para circular dentro dela em períodos
considerados normais pode tirar do armário seu estoque de paciência.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">E essa antecipação
tem tudo para trazer, mais cedo do que sempre acontece, problemas no
abastecimento de água na Baixada Santista. Sobretudo em Praia Grande
e Guarujá, cidades para onde mais acorrem turistas em períodos de
férias e os canos ficam secos do Natal ao Ano-Novo.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A memória faz lembrar
que, em 27 de dezembro passado, a presidente da Sabesp, Dilma Pena,
afirmou termos “a garantia do abastecimento da região pelos
próximos 30 anos”. Isso foi dito após a inauguração de duas
estações de tratamento de água, em Guarujá e Itanhaém.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Menos de 30 horas
depois, o que se viu foi um Réveillon a conta-gotas. É o que
geralmente ocorre quando a população fica muito acima do normal,
sabe-se disso. Mas, à medida que a crise em São Paulo se agrava, a
Baixada deve se preparar para viver isso mais frequentemente.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A população também
tem culpa. Por isso, o Governo Estadual deveria parar de brincar de
pagar bônus a quem economiza (uma obrigação) e começar a multar
quem desperdiça água. A eleição já passou; o governador não
perderá votos agora. Terá mais quatro anos para mostrar a que veio.</span>Rafael Mottahttp://www.blogger.com/profile/08722854706667050867noreply@blogger.com0