"Soube até mesmo que o pessoal da Agem (Agência Metropolitana da Baixada Santista) não tem as informações adequadas, talvez por uma falha nossa. Por isso, vamos nos empenhar mais".
A declaração acima é do secretário estadual de Energia, José Aníbal, e foi publicada na edição de hoje do jornal 'A Tribuna', de Santos. Trata da ideia para a instalação de uma usina para tratamento, queima e consequente diminuição do volume de lixo na Baixada Santista.
A primeira vez em que se cogitou uma usina incineradora de lixo, na região, foi em 1976. A ideia mereceu ampla reportagem em 'A Tribuna', na época. Após 35 anos, chegamos aos dias atuais e ouvimos o secretário estadual de Energia comentar que "o pessoal da Agem não tem as informações adequadas" acerca do empreendimento.
Que a população esteja preocupada, sobretudo em Cubatão -- uma cidade traumatizada pela poluição industrial até meados da década de 1980 e famosa pelo nascimento de crianças sem cérebro, muito provavelmente em decorrência dos gases tóxicos no ar --, é compreensível. Mas, da parte do Poder Público, a suposta ausência de "informações adequadas" só pode ser excesso de cautela ou enrolação.
Na matéria de hoje, Aníbal se referiu a sua recente visita à "usina de Porto", que, na verdade, fica no município de Maia, em Portugal (desembarca-se no Aeroporto Francisco Sá Carneiro, na Área Metropolitana do Porto, e segue-se até a usina).


Ao que parece, trata-se da mesma escassez de "informações adequadas" que vem emperrando os projetos do túnel Saboó-Ilha Barnabé, da ligação seca Santos-Guarujá, do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) e do bilhete único metropolitano para transportes coletivos. É o mesmo grupo de políticos desinformados que administra São Paulo desde 1983, com pequenas variações causadas, em geral, por mortes (Franco Montoro, Mario Covas, Orestes Quércia).
3 comentários:
Eu acho que uma declaração como essa serve para justificar uma nova viagem à Europa por parte de nossos representantes políticos. Afinal eles precisam de mais "informações adequadas". Usina, ponte, túnel e VLT são coisas difíceis de fazer. Já turismo é bem fácil.
rafael é isso mesmo.jornalismo é feito com inteligência e crítica construtiva.valeu e boas férias...abração
É incrível como estatísticas e projetos são justificativas para tudo; nada ser feito incluído.
Engraçado pensar que, Napoleão Bonaparte, não construiu o canal da mancha, como estava nos seus planos, não por conta da falta de informações ou estatísticas, mas tão somente por conta de um tal Wellington, que à época servia como general inglês.
O país padecendo de infra-estrutura e só o que vemos são desculpas para esconder o óbvio: ainda que todos acreditem na bonança econômica, em verdade em verdade, o país está endividado em 1,8 trilhões. Prestemos atenção na Grécia, que começou com a dívida um pouco menor do que seu PIB, gastou até a dívida tornar-se um PIB e meio para depois desfrutar dessa fabulosa e incontornável crise. Eis que trilhamos o mesmo caminho. Quem viver verá...
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