Quando o entrevistado desqualifica a pergunta, em vez de apenas responder “sim”, “não” ou “talvez”, é porque há um fundo de verdade na questão. É o que se depreende da resposta do governador José Serra (PSDB) à indagação sobre a possibilidade de que a Rodovia Padre Manuel da Nóbrega (SP-55) tenha duas praças de pedágio no Litoral Sul da Baixada Santista, assim que for concedida pelo Estado à iniciativa privada.
Assim afirmou Serra sobre o assunto, conforme relatado hoje no jornal ‘A Tribuna’:
“Eu não conheço (a informação). O sujeito vai lá, pega um negócio qualquer, faz uma matéria e diz que foi o Governo quem decidiu. Para quê? Para que gente como você pergunte e fique alimentando uma fantasia”.
(O outro sujeito — Serra, que pretende encarar de novo a dura rotina de um candidato à Presidência da República em 2010 — não deveria ser tão mal educado. Nem há motivo. Afinal, foi ele quem disse achar a história do pedágio da SP-55 um negócio fantasioso, que não deveria ser levado a sério. Ponto, parágrafo.)
A palavra ‘fantasia’, como centenas de milhares de outras, tem significados ao gosto do freguês. No ‘Michaelis’, por exemplo, fantasia é a “faculdade criadora pela qual o homem inventa ou evoca imagens”, “obra de imaginação”, “ideia, devaneio”.
Ainda no dicionário, porém, fantasia pode equivaler a “vontade passageira”. Mesmo que a resposta do governador pareça demonstrar que não, seria inadequado descartar que a abertura de pedágios na estrada
Quando se trata de um governo que desrespeita uma decisão da Justiça contra cobranças de pedágio, como ocorre num trecho já concluído do Rodoanel, é preciso avaliar muito bem a que tipo de “fantasia” se refere José Serra.
Deve-se reconhecer que o governador também falou em “ficção científica” — se bem que a vida vem imitando demais a arte.
Caso se confirme a “fantasia”, a despeito das declarações da principal autoridade política do Estado de São Paulo, caberá ao eleitorado fazer um ‘carnaval’ para dar fim a uma coisa que nunca se acaba: o esbulho do contribuinte. Mesmo o que não tem carro, porque pagará, nos preços dos produtos que comprar, a diferença do custo da viagem.
4 comentários:
Valoroso Rafa, ninguém precisa militar na política para saber que tucano, desde o berço, adora uma praça de pedágio, uma rodovia nova para fazer, uma ponte, um túnel, qualquer obra viária...Isso alimenta, e como!, um tucano.
Parabéns pelo texto.
Luigi Di Vaio
A postura fantasiosa (ou seria fantasmagórica) do nosso governador é que nos mete medo. Ao mostrar a arrogância de sempre, só faz o eleitor acerditar que isso (pedágio) vai realmente acontecer. Vide exemplos da Fernão Dias, que ganhou praças de pedágio depois de uma campanha onde o presidente reeleito acusava seu opositor, geraldo Alckmin, de ser um incentivador dessa prática.
Pois é, se a fantasia é mesmo tão fantasiosa assim , só o tempo dirá. Particularmente, não acho que o Governo será tão corajoso a ponto de instalar duas praças de pedágio em cidades próximas como Peruíbe e PG sendo cobrado mais de R$ 5,00 cada uma. A postura do Palácio dos Bandeirantes, porém, vai depender muito do eco que essa ameaça sofrerá na voz dos representantes dessa cidade. Se perceberem que as duas praças sairão baratas perante a opinião pública... O fato é que tal medida vai desestimular ainda mais o Turismo no Litoral Sul. Basta lembrar que para se chegar a importantes destinos do Vale do Ribeira, como Iguape, Ilha Comprida e Cananeia, já se paga R$ 3,00 (ida e volta) com os pedágios da BR-116. Quem acompanhou a reação do governador durante coletiva em PG semana passada notou seu desconforto, que beirou a irritação, quando foi perguntado a respeito. Seu significado, porém, é um mistério.
Deve ter sido obra da minha imaginação os R$ 150 q deixei nas cabines de pedágio da Bandeirantes/Washington Luís na viagem pra SJ do Rio Preto. Acho q tomei mto sol na estrada...
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