José Dias Herrera não foi apenas um repórter-fotográfico. Trazia, nas marcas do tempo gravadas em seu rosto, o próprio tempo. Viu de tudo. Mas vivia o presente. “Saudades, só do bonde 17. De Santos, gosto de tudo, de praia a favela”, disse ele, há muitos anos, numa época em que já era reverenciado pela antiguidade e pelo prazer na profissão.
Bonde 17. Acredito ser a mesma linha municipal de ônibus que, hoje, transporta passageiros da avenida Bernardino de Campos à Siqueira Campos (do canal 2 ao 4), vindo do Centro e passando pela orla. Pois 17 foi o dia
A certeza do fim, que carrega a incerteza da data, deveria ser o combustível para que, em qualquer profissão, façamos como seu Zezinho: o melhor possível, sempre com vontade de melhorar, e sem se deixar abater por qualquer tipo de desânimo. Nem que seja meramente para garantir a sobrevivência.
Mais não digo porque não tenho autoridade. Quando nasci, José Herrera tinha 41 anos de janela numa profissão que — como lamentava ele, com razão — está se banalizando. Fotografar, qualquer um fotografa. Mas registrar historicamente, quando vem ao caso, é outro negócio. Que só se consegue fazer com a vontade que demonstrava pelo clique.
Nenhum comentário:
Postar um comentário