O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou hoje (9/6) sanções ao Irã por sua política de enriquecimento de urânio. Brasil e Turquia, que negociaram com o governo iraniano condições para trabalhar com esse elemento químico, foram contra.
Não vou tratar de questões técnicas (o quanto é preciso aumentar a potência do urânio para fabricação de bombas nucleares, acusação que se faz ao governo iraniano). Prefiro ser prático.
Por isso, me limito a reproduzir declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o assunto, em entrevista coletiva em Natal (RN), pouco antes de seu embarque a Maceió (AL).
"Olha, primeiro, eu acho que nós deveríamos ter paciência, para a gente constatar o óbvio. O Brasil e a Turquia fizeram o que os países membros do Conselho de Segurança da ONU não conseguiram fazer: levar o Irã para a mesa de negociação. Em vez de eles terem um comportamento de chamar o Irã para a mesa, eles resolveram, na minha opinião pessoal, apenas por birra, manter as sanções, que vão terminar não tendo nenhuma implicação para o Irã. Ora, em política, com política, a melhor maneira de você resolver um problema conflituoso é você gastar o máximo de tempo que você tiver que gastar dialogando. Vocês estão lembrados que, quando eu fui ao Irã, muita gente dizia que o Irã estava nos enganando, que o Irã não ia aceitar assinar nenhuma carta, que não ia assinar compromisso. O que aconteceu? Em 18 horas, nós conseguimos assinar uma carta, o Irã se comprometendo a cumprir aquilo que era o desejo dos membros do Conselho de Segurança, de sentar à mesa de negociação. Lamentavelmente, desta vez, quem queria negociar era o Irã e quem não queria negociar eram aqueles que acham que a força resolve tudo. Acho que foi um equívoco a tomada de decisão, acho que... Às vezes, me dá impressão daquele pai duro, que às vezes é obrigado a querer dar palmada no filho, mesmo que o filho não mereça, para dizer que 'eu sou o pai'. Eu acho que o Conselho de Segurança jogou fora uma oportunidade histórica de negociar tranquilamente o programa nuclear iraniano e, ao mesmo tempo, discutir com mais profundidade a desativação dos países que têm bombas nucleares [a desativação - pelos países que já têm - das bombas nucleares]".
Simples assim.
Um comentário:
De vez em quando o presidente acerta. Fosse um pouquinho mais corajoso, perguntaria à ONU por que Israel pode violar as resoluções da própria e o Irã não. Ou, com que autoridade o país que despejou duas bombas atômicas no Japão cobra desarmamento de qualquer outro. Ou, se não seriam mais ameaçadores países que financiam ditaduras ou cartéis de drogas para desestabilizar os vizinhos...
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