sexta-feira, 6 de maio de 2011

Os nomes que as coisas têm

Toda ditadura é abominável. Mas não pode ser esquecida.

A prefeita de Cubatão, Marcia Rosa (PT), está propondo a realização de consultas aos moradores da cidade, para perguntar à população se devem ser alterados os nomes de logradouros que remetem ao período militar.

Marcia pensa que sim, como diz hoje o jornal 'A Tribuna'. Para ela, não se pode homenagear "quem apoiou a tortura, homicídios e demais fatos horríveis que mancharam a História do nosso País. Não é correto dar o nome de próprios públicos a quem é contra a democracia".

Exemplos: o Jardim Costa e Silva (general-presidente em cujo governo se retirou o direito dos cubatenses de eleger seus prefeitos), o Centro Esportivo Castello Branco (primeiro militar a governar o País após o Golpe de 1964) e o Jardim 31 de Março (véspera do Golpe, consumado em 1º de abril).

O regime militar foi um desastre para a Nação, com efeitos particulares na política, na economia e na cultura da Baixada Santista, sobretudo em Santos e Cubatão. Quem diz o contrário age por má-fé ou ignorância.

Mas a troca de nomes será outro golpe, este na memória histórica daquele tempo. Deve-se, sim, reverenciar homens como Rubens Paiva, ex-deputado federal santista (1929-1971), preso, torturado, morto e cujo corpo nunca foi encontrado. Desde o ano passado, o antigo Viaduto 31 de Março chama-se Rubens Paiva, por iniciativa do ex-deputado estadual Fausto Figueira (PT).

O problema é que as escolas ainda não ensinam com clareza o que foi aquele tempo nebuloso, apesar de a ditadura ter acabado há uma geração. Manter os nomes antigos e instalar, em local bem visível, um marco com o significado dos nomes que lhes foram dados (e as circunstâncias em que a denominação ocorreu) seria mais educativo.

Para que, conscientemente, a história não se repita.

2 comentários:

Luiz Otero disse...

Só tenho curiosidade para saber que nomes a população bem instruída pelo nosso combalido ensino público daria como sugestões. Estou imaginando que figuras esse povo escolheriam como símbolo desse novo tempo democrático. Sarney, Temer, Dilma, Lula, FHC, Itamar? Ou pior: escolher o MC Leozinho como nome de algum bem público, aquele do funk nojento "se ela dança eu danço"

Nando disse...

O simples fato do tema vir à discussão pública já seria um ponto positivo à prefeita. Mas num Estado cuja sede do poder leva o nome de Bandeirantes, vai ser difícil o projeto dela vingar. Caso vingue, uma sugestão: Centro Esportivo Luiz Gomes Otero.