De forma inédita desde 1982, quando concorreu e foi eleito pela primeira vez, o ex-vereador Adelino Rodrigues estará fora de uma eleição municipal. Descontente com a adesão do PPS à pré-candidatura de Paulo Alexandre Barbosa (PSDB) à Prefeitura de Santos, decidiu sair do partido, como noticia 'A Tribuna' nesta terça-feira (3/4). Com isso, nega a si mesmo a possibilidade de tentar retornar à Câmara Municipal.
Adelino justifica-se: durante todo o segundo mandato do prefeito João Paulo Papa (PMDB), o PPS foi governista. Teve cargos na Administração. Agora que Papa tem um favorito para sucedê-lo -- Sérgio Aquino (PMDB), ex-secretário municipal de Assuntos Portuários e Marítimos --, os socialistas resolvem apoiar outro concorrente.
Talvez sem pensar nisto, o ex-vereador tenha sido coerente também por outro motivo: quando assumiu seu primeiro mandato, em 1983, integrou uma comissão especial no Legislativo pela devolução da autonomia política de Santos, isto é, o direito do eleitorado escolher seus prefeitos, suspenso em 1969.
O chefe do Executivo era Paulo Gomes Barbosa, indicado pela ditadura em 1980 para exercer o cargo, que ocupou até 1984. Adelino foi um de seus maiores opositores. Barbosa, morto no ano passado, é pai de Paulo Alexandre. Seria estranho que, praticamente 30 anos depois, Adelino desse volta maior que o mundo e apoiasse o filho de tão grande adversário político.
(*) Mal esta postagem entrou na rede, colegas me lembraram, de forma muito oportuna, que Adelino era um duro opositor do ex-prefeito Beto Mansur (PP). Este lançou para a sucessão o atual prefeito, João Paulo Papa (PMDB), com quem Adelino foi trabalhar na Administração. "Não seja ingênuo", recomenda-me um amigo. Prometo.
2 comentários:
Meu amigo Rafael Mota.
Quem faz oposiçao por questão hereditária não pode ser chamado coerente. A imprensa sempre cobra dos partidos dcisões coerentes, deixando de lado o fisiologismo oportunista de quem quer ficar com as benesses do poder. Infelizmente, não vi nenhum mcomentário enaltecendo a postura do PPS que, no mesmo dia que decidiu apoiar a coligação com o PSDB, entregou imediatamente os cargos que ocupa na Administração. Isso é coerência e ética política. Ressalte-se ainda que o PPS não traiu o governo atual. Pelo contrário, continua na base de apoio ao prefeito, mesmo sem qualquer cargo em comissão. O que muitos não se atentaram é que o pacto político ocorreu nas elições de 2008, quando vários partidos, inclusive o PSDB, estiveram e permanecem aliados ao governo. Agora, o que se discute é um acordo para uma nova eleição. Pergunto: onde está a incoerência?Será que não é legítimo o PPS e outros partidos buscarem uma nova composição política para uma outra eleição? O apoio do PPS ao PSDB foi discutido democraticamente na Executiva do partido. Aliás, o PPS é aliado PSDB nas bases federal e estadual. Deve-se louvar a decisão da maioria. Sair atacando uma medida partidária para permanecer no cargo (que por sinal paga uma ótima remuneração) é que uma atitude incoerente, ainda mais de políticos que sempre pregaram a democracia partidária.
Incoerência é defender uma coligação do PMDB com o PT. Os dois partidos são adversários na política municipal há mais de quatro mandados. E só agora, por puro oportunismo, discute-se uma composição. Por que ninguém faz essa análise. Infelizmente, "o rei está nu, mas são poucos que têm coragem de falar o óbvio". Por que será?
Mais uma vez, parabéns pelo blog.
Rivaldo Santos
Oi, Rivaldo. Obrigado pela visita.
Sobre essa questão PT e PMDB (em vez de PT x PMDB), escrevi superficialmente nesta postagem:
http://www.reexame.blogspot.com.br/2012/02/oposicao-clara-ou-sobrevivencia.html
Abraço.
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