segunda-feira, 16 de abril de 2012

Ser imbecil é mais fácil (*)

(*) Sérgio Porto, o Stanislaw Ponte Preta, jornalista e escritor brasileiro (1923-1968)

Pode parecer estranho na minha idade, mas já não tenho mais paciência para ver e ouvir certas coisas. Li ou escutei, faz bastante tempo, que “pensar faz mal”. Não me lembro do autor da frase.

Certos pensamentos me aborrecem porque não sei como pôr em prática o contrário das coisas que tenho visto, iguais, pela minha vida toda. Começo a nem querer me aprofundar em certos temas.

E não quero porque já sei que é perder tempo. Por impaciência, não consegui ler reportagem de hoje, em 'A Tribuna', segundo a qual a solução dos problemas habitacionais de Guarujá depende de R$ 1 bilhão.

Nada pessoal com a Simone Queirós, colega de faculdade, cuja alta competência é indiscutível. O problema é o Poder (?) Público (?) dessa cidade favelizada e violenta. Até com os políticos.

Há quantas décadas se afirma que Guarujá é uma das campeãs em submoradias no Litoral? Que é preciso remover famílias de áreas de mangue e de risco?

E, em ano eleitoral, alguém chega à conclusão de que um investimento literalmente bilionário será o oásis no deserto dos direitos fundamentais do cidadão guarujaense.

Ora, gente, o dinheiro, se houver, não chegará tão cedo. Lamentavelmente, ao invés de se agir aos poucos (mas não precisa ser tão aos poucos), acumula-se tudo. E, claro, nada será resolvido nunca.

Temos órgãos públicos demais para discutir problemas e planejar soluções, dos quais uma instituição só (ou duas, vá lá) poderia dar conta. Aí vai uma listinha deles:

. Conselho de Desenvolvimento da Região Metropolitana da Baixada Santista (Condesb) – Reúne os nove prefeitos locais e nove representantes do Governo Estadual;

. Companhia de Habitação da Baixada Santista (Cohab) – Órgão que tem como acionistas quatro prefeituras (Santos, São Vicente, Cubatão e Guarujá), ao qual nem Santos recorre direito;

. Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano (Emplasa) – Instituição estadual que estuda, planeja, pesquisa e levanta informações para projetos metropolitanos;

. Secretaria Estadual de Assuntos Metropolitanos – Criada no atual governo, tem a ver com os três órgãos acima, e visa a executar tudo o que os outros já faziam antes que ela existisse.

O Condesb faz reuniões mensais às quais dificilmente vão todos os prefeitos; a Cohab, cujo maior acionista é Santos, sempre fecha suas contas anuais em vermelho-hemorragia (acumula R$ 217 milhões em prejuízos, um quinto do dinheiro que, dizem, acabaria com o déficit habitacional em Guarujá); a Emplasa é a Emplasa; e a secretaria, que mal chegou, terá seu titular, Edson Aparecido, desaparecendo em breve para coordenar a campanha de José Serra à Prefeitura de São Paulo.

E, quando alguém protesta mais visivelmente, o pessoal reclama de que atrapalha o trânsito.

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