(*) Sérgio Porto, o
Stanislaw Ponte Preta, jornalista e escritor brasileiro (1923-1968)
Pode parecer estranho
na minha idade, mas já não tenho mais paciência para ver e ouvir
certas coisas. Li ou escutei, faz bastante tempo, que “pensar faz
mal”. Não me lembro do autor da frase.
Certos pensamentos me
aborrecem porque não sei como pôr em prática o contrário das
coisas que tenho visto, iguais, pela minha vida toda. Começo a nem
querer me aprofundar em certos temas.
E não quero porque já
sei que é perder tempo. Por impaciência, não consegui ler
reportagem de hoje, em 'A Tribuna', segundo a qual a solução dos
problemas habitacionais de Guarujá depende de R$ 1 bilhão.
Nada pessoal com a
Simone Queirós, colega de faculdade, cuja alta competência é
indiscutível. O problema é o Poder (?) Público (?) dessa cidade
favelizada e violenta. Até com os políticos.
Há quantas décadas se
afirma que Guarujá é uma das campeãs em submoradias no Litoral?
Que é preciso remover famílias de áreas de mangue e de risco?
E, em ano eleitoral,
alguém chega à conclusão de que um investimento literalmente
bilionário será o oásis no deserto dos direitos fundamentais do
cidadão guarujaense.
Ora, gente, o dinheiro,
se houver, não chegará tão cedo. Lamentavelmente, ao invés de se
agir aos poucos (mas não precisa ser tão aos poucos), acumula-se
tudo. E, claro, nada será resolvido nunca.
Temos órgãos públicos
demais para discutir problemas e planejar soluções, dos quais uma
instituição só (ou duas, vá lá) poderia dar conta. Aí vai uma
listinha deles:
. Conselho de
Desenvolvimento da Região Metropolitana da Baixada Santista
(Condesb) – Reúne os nove prefeitos locais e nove representantes
do Governo Estadual;
. Companhia de
Habitação da Baixada Santista (Cohab) – Órgão que tem como
acionistas quatro prefeituras (Santos, São Vicente, Cubatão e
Guarujá), ao qual nem Santos recorre direito;
. Empresa Paulista de
Planejamento Metropolitano (Emplasa) – Instituição estadual que
estuda, planeja, pesquisa e levanta informações para projetos
metropolitanos;
. Secretaria Estadual
de Assuntos Metropolitanos – Criada no atual governo, tem a ver com
os três órgãos acima, e visa a executar tudo o que os outros já
faziam antes que ela existisse.
O Condesb faz reuniões
mensais às quais dificilmente vão todos os prefeitos; a Cohab, cujo
maior acionista é Santos, sempre fecha suas contas anuais em
vermelho-hemorragia (acumula R$ 217 milhões em prejuízos, um quinto
do dinheiro que, dizem, acabaria com o déficit habitacional em
Guarujá); a Emplasa é a Emplasa; e a secretaria, que mal chegou,
terá seu titular, Edson Aparecido, desaparecendo em breve para
coordenar a campanha de José Serra à Prefeitura de São Paulo.
E, quando alguém
protesta mais visivelmente, o pessoal reclama de que atrapalha o
trânsito.
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