domingo, 4 de novembro de 2012

No retrovisor

Um colega jornalista me escreveu na última semana: quer publicar um livro. Ele me perguntou que caminho segui. Mesmo com toda a sorte que dei, só tive ideia do trabalho que isso me provocou ao reler as respostas.

Então, aí vai minha experiência até chegar ao livro 'Tarquínio - Começar de Novo', publicado pela Editora Leopoldianum e a ser lançado em 27/11, às 18h, no Salão Nobre Esmeraldo Tarquínio, na Prefeitura de Santos (Praça Mauá, s/nº, Centro):

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. Eu tinha feito uma reportagem sobre Esmeraldo Tarquínio em 2009, sobre os 40 anos da cassação dos direitos políticos dele e os 30 da retomada (ele ficou dez anos "suspenso" pela ditadura). Tive quatro dias para fazer tudo. E me interessei muito pela história, sobretudo porque não havia nada específico a respeito dele. Na hora, nem imaginei nada mais profundo. Mas, mexendo em uns papéis antigos (isso em fevereiro do ano passado), achei a matéria e tive um estalo: por que não fazer um livro?

. Não sabia o que fazer. Não tinha condições de publicar um livro sozinho, sem conhecimento de editoras, dos custos e de livreiros para vendê-lo. E, sem saber de nada, fui recolhendo material de pesquisa (reportagens, discursos, pesquisas na internet sobre o que fosse possível achar). Em março, procurei o filho mais velho dele por e-mail (que anotei numa entrevista anterior sobre outro assunto). Ele me retornou em menos de dez minutos. Emocionou-se, conversamos pessoalmente, expliquei o que pretendia. Fiz o mesmo com a irmã dele tempos depois. Em resumo: foi um projeto pessoal, para o qual não pedi apoio externo; basicamente, só lhes comuniquei do que ia fazer e fui adiante.

. A única editora que procurei foi a Leopoldianum, por causa de uma coincidência: em novembro do ano passado, me convidaram para a banca examinadora de um TCC de duas alunas de Jornalismo na UniSantos. O orientador era o Marcelo Di Renzo -- nosso ex-professor de Radiojornalismo e, coincidentemente, coordenador da editora. Ali, contei a ele a ideia do livro sobre Tarquínio. Ele considerou o projeto interessante e me disse que eu deveria ser rápido, caso quisesse submetê-lo a apreciação e, se aprovado, lançá-lo em novembro do ano seguinte (agora, quando a morte de Tarquínio completará 30 anos).

. Acabei as pesquisas em janeiro e, no meu tempo livre do jornal, passei praticamente três meses escrevendo. Entreguei os originais no início de abril (umas 210 páginas em A4, com espaço de 1,5 linha; deram 240 páginas impressas, contando a capa) e, ainda naquele mês, o projeto foi aprovado. Mas, para você ter ideia de quanto levam tempo a revisão, a diagramação, a arte, a solução de detalhes, a coleta de assinaturas autorizando cessão de fotos, o livro ainda está indo para a gráfica (mas fica pronto em tempo, ufa!).

. Uma curiosidade: eles fazem um "teste cego" -- os pareceristas da editora recebem originais sem saber quem é o autor, para evitar que um conhecido influencie a favor ou contra o projeto.

. Acho que você deve procurar os contatos da família do biografado e lhes explicar sua ideia. Eu tinha um e-mail, mas poderia ter sido por telefone ou numa conversa pessoal, se eu soubesse onde achar o filho mais velho do Tarquínio "ao vivo".

Acho que é isso. Em resumo, fiz o livro por acreditar que Tarquínio precisa e merece ser lembrado, pelo bem da História de Santos. Utopias à parte, vai sair. Se eu, que não sou historiador por formação e nunca havia feito nada do tipo antes, consegui, acredito que quem tiver uma boa ideia e força de vontade será tão ou mais bem-sucedido do que eu.

3 comentários:

José Carlos Silvares disse...

Essa força de vontade, empenho, metas e paciência são fundamentais para se obter o sucesso... Abração e bem vindo ao time...

Alfredo de Souza disse...

Meu prezado amigo - espero que possas me considerar assim, o que seria uma honra muito grande para mim - seu sucesso se deu não só pelos eu esforço e talento, mas, principalmente,pela sua simplicidade. Isto ficou demonstrado quando você explica de que forma fez seu primeiro "filho literário". Continue assim, com simplicidade, pois que esta é a maior arma do ser humano. Sucesso. Nos encontraremos no lançamento.

LUCIANO GUIMARÃES disse...

Rafael, realmente nossa conversa foi muito esclarecedora. Geralmente nos meus trabalhos do dia a dia surgem tarefas como revisar livros, fazer projetos gráficos e diagramar textos e até em alguns momentos, escrever prefácios, posfácios e capítulos inteiros, como "ghost writer".

Creio que esse caminho das pedras será fundamental para minha empreitada. Ao menos as pesquisas já foram iniciadas.

Abs.

Luciano