domingo, 20 de janeiro de 2013

Ônibus em Cubatão, reajuste questionável




Há alguma coisa errada no preço da passagem dos ônibus municipais em Cubatão.

Neste domingo (20), a tarifa passou de R$ 2,50 para R$ 3,10. Há, é claro, explicações oficiais para o reajuste, de 24%:




1. O subsídio (valor por passagem bancado pela Prefeitura, para amenizar o preço final na catraca) caiu de R$ 0,75 para R$ 0,35. São 40 centavos a menos. Se o governo tivesse mantido toda a redução do subsídio, a passagem poderia ter ficado em R$ 2,70. Ainda assim, 8% de reajuste, acima da inflação oficial do País no último ano (o IPCA foi de 5,84% em 2012);

2. A presença dos cobradores de ônibus corresponde a 17% do preço da passagem, segundo a CMT (Companhia Municipal de Trânsito). Sem eles, talvez agora os R$ 3,10 fossem R$ 2,57 -- ou R$ 2,60, num arredondamento para cima. Só que, em 2009, quando os cobradores voltaram aos ônibus, a Prefeitura decidiu não reajustar a passagem: congelou os preços até março de 2011.

Mas vamos 'brincar' de fazer simulações e comparativos:

a) Se a nova tarifa de ônibus em Cubatão não tivesse os atuais R$ 0,35 de subsídio, sairia por R$ 3,45 ao passageiro. Porém, caso não houvesse cobradores, o preço seria, em tese, 17% mais baixo. Descontando-se esse percentual de R$ 3,45, o resultado é R$ 2,86 -- ou R$ 2,90, arredondados para o alto. Igualzinho à atual tarifa do transporte coletivo municipal em Santos;

b) E quanto custava a tarifa em junho de 2009? R$ 2, ante os R$ 3,10 de agora. São 55% de aumento em três anos e meio. Em Santos, que talvez desde a criação do serviço municipal de bondes, em 1871, tivesse a tarifa mais cara da Baixada Santista, o preço passou de R$ 2,40 para R$ 2,90 no mesmo período --custava 20% mais e, por enquanto, está saindo por menos.

Tomando um 'ônibus intermunicipal virtual', vamos desembarcar em Santos, onde o novo governo ficou com a missão de reajustar a tarifa. À boca pequena, motoristas dizem que está prestes a aumentar para R$ 3,15. Quer dizer, seriam 8,6% de reajuste, também acima da inflação verificada entre dezembro de 2011 (o último aumento) e dezembro passado (o IPCA do período é de 6,37%).

O prefeito Paulo Alexandre Barbosa (PSDB) disse, no primeiro dia de mandato, que a tarifa terá de aumentar mesmo, mas buscaria se entender com a permissionária, a Viação Piracicabana, a fim de obter o menor impacto possível ao passageiro. E lembrou que o atual contrato com a empresa vale até o ano que vem, quando poderá ou não ser renovado por mais oito anos.

Talvez seja honesto pensar que o problema não está só na Piracicabana. Essa mesma empresa operava em Cubatão até meados de 2009, quando foi à Justiça e conseguiu quebrar contrato com a Prefeitura. Motivo: o preço das lotações era 10 centavos mais baixo, e os ônibus estariam sofrendo concorrência desleal.

A Piracicabana não está mais em Cubatão, a tarifa subiu 55% desde que a empresa foi embora (considerado o reajuste aplicado neste domingo) e, a partir de agora, entrar numa lotação custa a mesma coisa que em um ônibus. "Não há uma competição entre os sistemas de transporte, e sim, uma complementação do serviço, o que determina a igualdade da tarifa", diz o superintendente da CMT, Marco Cruz.

Ponha em sua cabeça, se ainda não o fez: uma empresa particular só age como quer se a Prefeitura deixa. Porque permite é outra história. Veja só que tarefa interessante o Ministério Público poderá tomar para si, caso tenha tempo e disposição para tanto.

Um comentário:

Anônimo disse...

Ocorreu a mesma coisa em São Vicente quando esta cidade estava sob governo petista. Só que prefeito negava aumentos para as passagens, numa época de inflação descontrolada. Quando rescindiu o contrato dela em julho de 1993, acabou colocando a Executiva Transportes e Turismo, nas linhas municipais.
A partir de então, as passagens receberam generosos aumentos mensais. Em 6 meses, houve 1141% de aumento nas passagens municipais de SV.Percebe-se que os governos petistas agem da mesma maneira, favorecendo empresários amigos.