segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013
Prefeitos bonzinhos, região condenada
A minha indignação inicial passou. Ótimo. Assim, dá para comentar mais friamente o que se fez da eleição para a presidência do Conselho de Desenvolvimento da Baixada Santista (Condesb) sem correr risco de injustiças, leviandades nem ofensas.
Mas não há frieza que congele os fatos. Quem deveria estar à frente do Condesb era a prefeita de Cubatão, Marcia Rosa (PT), única entre os três chefes de Executivo reeleitos no ano passado a jamais ter comandado o conselho. Fosse ela de qualquer outro dos 29 (Pai Eterno, 29!) partidos restantes, deveria ser assim.
Não foi, porém. Porque, como já se noticiou, a maioria dos prefeitos da região uniu-se num "consenso" provocado por uma candidatura apresentada no dia da eleição para o posto: a de Ana Preto (PTB), prefeita de Peruíbe, que jamais havia exercido cargo público eletivo até este ano.
É fácil entender as razões. O PT faz oposição ao PSDB, que comanda o Governo Estadual e tem quatro dos nove prefeitos da Baixada. O PTB é fiel acompanhante do PSDB no Estado. Só aí, cinco a quatro para a prefeita peruibense. Matemática aplicada.
Porém, o risco de que uma petista estivesse à frente do Condesb só foi eliminado nos últimos instantes. Creditam-se ao secretário de Desenvolvimento Metropolitano em exercício, Edmur Mesquita, esforços de bastidores para que o PT não fosse candidato único ao posto.
Está bem, nada de ingenuidade: é assim nas democracias, nas quais prevalece a vontade da maioria, mesmo quando a minoria esperneia. E nem reclamou tanto, ao menos à vista de todos. Entretanto, há questões morais mal exercidas pela maioria dos prefeitos, ao eleger Ana Preto:
1. Num instante decisivo para o futuro da Baixada Santista, em que os prefeitos novos e reeleitos têm como missão tomar e executar soluções metropolitanas para o crescimento socioeconômico que tanto se diz esperar, o Condesb passa a ter como líder uma figura que mal se pronuncia em público;
2. Ao acatar a vontade do Estado sem contestações, mesmo prefeitos que eventualmente criticam o Palácio dos Bandeirantes baixam a cabeça para a realidade -- a de que, anos a fio, esse mesmo Estado promete obras fundamentais para as pessoas e que custam tanto a sair do papel, quando saem;
3. Quando o Palácio dos Bandeirantes impõe que um governista esteja à frente de um órgão do qual se esperam (há anos e com pouco sucesso) relevância e poder de decisão, desrespeita a autonomia dos prefeitos. Na verdade -- o que é uma pena --, não é incorreto pensar que nem precisaria fazer isso.
A região está condenada a mais um ano, após tantos já passados, de relações cordiais entre as cidades e o Estado. Os resultados se conhecem: maior mortalidade infantil, menor expectativa de vida, maior déficit habitacional e segundo pior índice de escolaridade de São Paulo. Eis como estamos.
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