terça-feira, 28 de abril de 2009

Baixada precisa de plano B


As projeções de crescimento econômico para a Baixada Santista são das mais otimistas, com a esperada consolidação dos segmentos de petróleo e gás na Bacia de Santos — área litorânea com 352 mil quilômetros quadrados, entre Rio de Janeiro e Santa Catarina. Perspectiva de milhares de empregos, promessas de apoio à montagem de infraestrutura para negócios, sonhos de redenção econômica.


E se nada disso se confirmar?


Todas as vezes em que veio a público informar descobertas de jazidas no pré-sal (a uns 7 mil metros de profundidade, em alto-mar, sob uma espessa camada de sal), a Petrobras sempre salientou estar lidando com possibilidades.


Assim ocorreu durante testes no campo de Tupi, a cerca de 250 quilômetros da costa do Rio de Janeiro. Num comunicado de novembro de 2007, a empresa citou que “os volumes recuperáveis estimados [entre 5 bilhões e 8 bilhões de barris] (...), se confirmados, elevarão significativamente a quantidade de óleo existente em bacias brasileiras”.


As primeiras respostas deverão surgir a partir desta sexta-feira, quando começarão os testes de longa duração da Petrobras em Tupi. Qualquer brasileiro que goste um pouquinho do país não deverá desejar outra coisa que não o sucesso da empreitada.


Mas, de volta à realidade:


1) Caso se descubram fontes de energia renováveis (o que não é o caso do petróleo, um bem finito) e eficazes para veículos, máquinas e equipamentos industriais, quanto tempo durarão os efeitos positivos da atividade petrolífera? O Brasil, mesmo, prepara-se para a adoção de biocombustíveis e tenta retomar a disseminação do álcool (o tal do “etanol”);


2) Na hipótese de que não haja tanto petróleo assim (e mesmo que exista tudo isso que se prevê), que atividades econômicas poderão ser desenvolvidas, paralelamente, para o incremento da economia da Baixada? Já se deixou o Turismo de lado?;


3) Mesmo que as reservas sejam tão gigantescas quanto se prevê, como está a formação de profissionais, entre Bertioga e Peruíbe, para que atuem nos segmentos de óleo e gás? Não se pode permitir que aconteça o mesmo que se deu na época de expansão do Polo Industrial de Cubatão — da qual uma herança é a enorme favelização regional.


Ufanismo, sem trabalho, não dá certo.

Um comentário:

José Marques Carriço disse...

A industrialização do Brasil de deu por meio do processo de urbanização, que incorporou milhôes de moradores do campo às cidades e ao mercado, com baixa remuneração. Este processo, que acelerou-se nas décadas de 30 e de 70, junto com o desenvolvimento do mercado imobiliário, são os responsáveis pela urbanização desigual em nossas metrópoles(enclaves de média e alta renda de um lado, favelas, cortiços e loteamentos irregulares de outro).
Portanto, a única forma de escaparmos de mais do mesmo, é se o Governo Federal (c/ aprovação do Congresso, é claro) intervir no marco regulatório do sistema e os governos locais no mercado imobiliário (por meio do planejamento urbano), alterando a dinâmica perversa que provoca a segregação sócio-espcial.