Num costume que já foi mais abrangente, moradores da orla de Santos hasteiam a Bandeira Nacional na entrada de seus prédios. Assim é todo 7 de setembro, Dia da Independência do Brasil. Mas, hoje, vindo de ônibus para o trabalho, vi um solitário edifício no qual o pavilhão se destacava.
Isso em 21 de abril, feriado nacional em memória de Joaquim José da Silva Xavier. O eternizado Tiradentes, defensor da independência da então colônia (na verdade, a autonomia de Minas Gerais, então província onde nasceu e vivia) em relação à Coroa Portuguesa.
Se no Sete de Setembro há cada vez menos bandeiras tremulando, menos ainda são lançadas ao vento numa data em que se homenageia não um fato, e sim, um indivíduo. Homem forte de ideias e corajoso a ponto de assumir, sozinho, a responsabilidade pelo levante. E que, por isso, morreu.
Um homem, uma bandeira (nos dois sentidos, ao se levar em conta a orla da cidade hoje).
Empunhar uma bandeira — um ponto de vista, um conceito, uma contestação. Ir além daquilo com que se conforma a maioria e tentar, pelo bem dela, a concretização de bons desejos.
Curioso: nunca estamos sozinhos naquilo que queremos. Outros também idealizam o mesmo. Tiradentes teve companhia em suas pretensões. Porém, neste mundo dito sem fronteiras, isolamo-nos, inexplicavelmente. E, por não nos unirmos, a letargia dominante se mantém.
Onde estará outro Tiradentes?
2 comentários:
Rafa, o cara foi enforcado por liderar um motim contra uma cobrança que considerava abusiva. O "quinto", 20% do ouro que MG produzia. Hoje a carga tributária tá batendo nos 40%. Se ele estivesse vivo, ia tentar jogar um avião no Palácio do Planalto...
Quem me disse coisa parecida (sem falar em avião, é claro), durante uma entrevista em 2007, foi dom Luiz de Orleans e Bragança — que seria o atual imperador caso ainda estivéssemos numa Monarquia. "Reclamavam do quinto...", ironizava ele, rindo.
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