Alguém pode me explicar onde vão parar os R$ 800 milhões do orçamento anual da Prefeitura de Cubatão? Somente Santos tem uma arrecadação maior. Enquanto não acho a resposta, o que me resta é achar lastimável que o jovem cubatense seja o mais vulnerável à violência no Estado de São Paulo, conforme levantamento divulgado nesta semana pelo Ministério da Justiça.
Fiz reportagem sobre o assunto, publicada na edição de hoje de 'A Tribuna'. Ao pesquisar os dados, percebi que Cubatão sujeita sua juventude a riscos de assassinato e agressões não porque seja uma cidade violenta em termos físicos. A violência está no social: o índice de desigualdade, que leva em conta acesso à escola e local de moradia, é o quinto pior do Brasil.
Algo muito sério, pois se comparam os 266 municípios brasileiros com mais de 100 mil habitantes. No mínimo, de médio porte. Cubatão abriga o maior polo industrial da América Latina, que não é exatamente um grande empregador de cubatenses. Tanto que se estuda uma ligação hidroviária com São Vicente, onde moram 30% dos trabalhadores desse conjunto de indústrias.
E reparou em quem vem logo atrás de Cubatão, no Estado, em termos de risco de violência à juventude? Guarujá, em que quase dois terços da população é favelada ou mora em núcleos irregulares. Guarujá, a cidade dos renomados hotéis, dos resturantes caros, dos condomínios residenciais de luxo, de praias com acesso restrito, de ilhas particulares.
Não é a toa que Guarujá se saiu mal no levantamento, em termos estaduais. Com tanta gente favelada ou longe de locais bem estruturados, apareceu de forma negativa no que se refere ao nível de frequência da população à escola ou ao emprego. Longe de um colégio decente, a menina vai sofrer para achar trabalho. Sem visão do futuro, o menino pode traficar, roubar, matar.
Quem conhece um pouquinho a Baixada Santista sabe que, além de campeãs em favelização, Guarujá e Cubatão têm um longo histórico de brigas políticas e disputas por poder que já acabaram em morte. São as duas piores cidades da região em faroeste político. Quase mataram um prefeito. Tentam derrubar uma prefeita no primeiro ano de governo. Inimigos se aliam contra terceiras vias.
Como no bordão de um personagem de Chico Anysio, o político Justo Veríssimo, a classe política de lá quer “que o povo se exploda”. E, pior, faz questão de detonar a carga.
Um comentário:
Cubatão é o retrato do amadorismo em termos de política pública. Não me espanta, pois em um passado recente, uma unidade de saúde funcionava em um prédio sem condições estruturais, que foi objeto de várias mtaérias jornalísticas. Um descaso mesmo, que vai além da classe política. Ele está no eleitor que coloca essas figuras no Poder e esquece de cobrar as promessas feitas durante a campanha.
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