Aos meus olhos, é irresponsável a propaganda do Ministério da Saúde sobre a necessidade de se encarar sem preconceito o portador do vírus HIV. Tem razão na premissa, mas falha ao amenizar as desgraças da aids.
Agora há pouco, no intervalo do 'Jornal Nacional', vi uma propaganda na qual um homem jovem e aparentemente saudável era representado com a legenda "Ele tem HIV"; para uma moça, também jovem, a frase era "Ela sabe". E, logo em seguida, como brinca meu avô, um tentou engolir o outro — quer dizer, deram-se um longo beijo de língua.
O ativista Beto Volpe, que há 20 anos convive com o HIV, me dizia ainda hoje: o portador do vírus que assume tal condição e a supera "tem muito a oferecer numa relação de amor, de trabalho, de qualquer coisa". Mas há um perigo: "Os jovens, em geral, agem levianamente em relação aos valores e à saúde".
Em resumo, não se protegem como deveriam. Submetem-se (e o fazem com os outros) ao risco de contrair uma doença incurável. Desprezam o sexo seguro. E parecem não ligar tanto para isso. Ainda mais ao ver um casal saudável, em que um deles tem o vírus, mas nem parece. E se transforma em exemplo.
Temos de aceitar uns aos outros. Discriminar alguém por ser doente é um ato covarde, inominável. Porém, desprezar as consequências de uma moléstia para a qual não há conserto é tão letal quanto a doença.
Ninguém é imune.
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