domingo, 12 de dezembro de 2010

Eles sabem, sim, o que fazem

R$ 24 bilhões 453 milhões. Este foi o tamanho da economia de Santos em 2008, equivalente ao orçamento atual da Prefeitura por cerca de 20 anos, naquela época. E bem pouco disso está sendo creditado ao pré-sal, esta nova entidade -- tal qual o 'mercado', ser superior que tem vida própria, como o 'sistema'. A construção civil, sim, com seus imóveis caros para os que podem comprá-los por aqui, puxou para cima a soma das riquezas produzidas nestas bandas.

A reportagem que escrevi para a edição de ontem (sábado, 11/12) de 'A Tribuna' dá a dimensão disso:

A riqueza e o alto consumo verificados em Santos de 2004 a 2008 fizeram a Baixada Santista ter crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) superior às médias nacional e estadual, no período. O valor total dos bens e serviços produzidos e adquiridos na Cidade aumentou 140,69% em cinco anos, e o Município teve a terceira maior variação do PIB no País entre 2007 e 2008. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que ontem (10/12) divulgou os resultados do trabalho PIB dos Municípios 2004-2008.

E daí? A resposta está na sequência da matéria:

Como contraponto, os expressivos resultados apresentados em Santos indicam a necessidade de melhor distribuição das riquezas produzidas na Baixada. Um caminho: desenvolver políticas para qualificação de trabalhadores com melhor renda, capazes de elevar o consumo, de forma mais equilibrada, em nível metropolitano.

(...) Em média, o Produto Interno Bruto da Baixada evoluiu 87,80%. Mas, quando se tira Santos do cálculo, o resultado é um incremento regional de apenas 33,55% em cinco anos, muito abaixo da aceleração paulista (55,87%) e nacional (56,16%).

Em resumo, a Baixada Santista se tornou uma região mais desigual. Santos concentrou ainda mais riqueza, enquanto as demais cidades não acompanham essa evolução.

Na última Pesquisa de Emprego e Desemprego feita pelo Núcleo de Pesquisas e Estudos Socioeconômicos (Nese) da Universidade Santa Cecília, constatou-se que, se os postos de trabalho de Santos fossem ocupados somente por santistas, não haveria desemprego na cidade. Mas, por falta de vagas em seus locais de origem, trabalhadores de municípios vizinhos disputam emprego aqui.

Conclusão: a desigualdade na Baixada prejudica, inclusive, Santos. Quem deveria saber disso, na verdade, sabe. Mas, por enquanto, vai garantindo a farinha para seu pirão. Ou melhor, para seu PIBão. Afinal, problema de quem tem problemas.

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