"O importante é que a região está ganhando prestígio político".
Um colega jornalista me dizia o quanto poderá ser boa, para a Baixada Santista, a nomeação de três deputados locais como secretários de Estado. Não me convenceu.
A vantagem de trocar um cargo dado por centenas de milhares de cidadãos por uma convocação exclusiva do governador é sinal de prestígio só para o indicado.
O prestigiado aparece nos jornais, no rádio, na televisão, na internet, em revistas mais do que se fosse 'apenas' um entre tantos num parlamento. E há quem ache isso o máximo: "Tá vendo como ele é respeitado? Virou secretário"...
Esse entendimento torto da importância que se deve dar a um compromisso público -- neste caso, o de cumprir um mandato eletivo -- acaba, mesmo, dando o tal prestígio que só o político aproveita.
É exatamente o que acontece com quem deixa o mandato no meio para concorrer a outro cargo. O petista Antonio Palocci e o tucano José Serra, em diferentes épocas, prometeram por escrito que cumpririam os mandatos até o fim.
Mentiram. E ganharam prestígio! Palocci virou deputado, hoje é ministro. Serra foi eleito governador. Não conseguiu a Presidência porque o titular, alimentado por prestígio muito maior, fez sua sucessora: Lula.
Prestígio também se compra. Mas cuidado: contém glúten.
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