(Texto inserido agora há pouco em 'Nos Corredores do Poder', blog de Política do jornal 'A Tribuna')
A Baixada Santista terá sua representação política ainda mais reduzida do que já será, a partir de 2011, se os deputados Bruno Covas (PSDB, estadual, na foto acima) e Márcio França (PSB, federal, abaixo) caírem em tentação e aceitarem se transformar em secretários estaduais do futuro Governo Geraldo Alckmin (PSDB).
A eventual nomeação de Covas para a pasta do Meio Ambiente e a chegada de França ao setor de Turismo, como se comenta nos últimos dias, representará ainda mais: o desrespeito desses parlamentares aos cerca de 400 mil eleitores que, juntos, fizeram deles candidatos muito bem votados e aptos para mais um mandato na Assembleia Legislativa e na Câmara.
O tucano foi nada mais, nada menos do que o concorrente mais votado em todo o Estado, sob a confiança de 239.150 pessoas. França não repetiu o sucesso de 2006, mas, ainda assim, obteve suficientes e ainda expressivos 172.005 votos. É vontade dos que os elegeram tê-los como representantes do povo nos legislativos estadual e federal.
As indicações de Covas e França (este, por si próprio) mostram que Geraldo Alckmin e seus correligionários carecem do conhecimento de pessoas realmente capacitadas para setores específicos e vitais da Administração Pública.
Ex-secretário de Segurança Pública de Alckmin entre 2001 e 2006, Saulo de Castro Abreu Filho será titular de Transportes. O que Covas tem com o meio ambiente? E França, além dos milhares de quilômetros em pontes aéreas de São Paulo (afinal, ainda não temos um aeroporto civil de porte adequado à Baixada) e Brasília, que especialização tem em planejamento e fomento turísticos?
A região está prestes a perder dois relevantes parlamentares, em termos de poder político, num momento em que vive uma onda de crescimento econômico, perspectivas com a exploração de gás e petróleo na camada pré-sal e rápido aumento da população na maioria das nove cidades.
Com eles, a Baixada teria a menor quantidade de representantes das últimas quatro décadas em São Paulo e Brasília. Sem eles, restará um trio: Beto Mansur (PP) como deputado federal e Paulo Alexandre Barbosa (PSDB) e Telma de Souza (PT) como estaduais. Protógenes Queiroz (PC do B), federal eleito, mora em Guarujá, é fato. Mas a expressão nacional que alcançou ao pôr na cadeia controversas figuras da política e dos negócios o impedirá de se dedicar a uma simples metrópole.
É de se lamentar que o jogo político e os interesses particulares pareçam dominar Bruno Covas (que poderá recorrer à velha expressão de ser um “soldado do partido” para aceitar uma secretaria; mas como fica o 'general povo'?) e Márcio França.
O caso do socialista será ainda mais emblemático, se ele virar mesmo secretário de Alckmin. Trabalhou em prol da petista Dilma Rousseff (PT) à Presidência. Quis ser ministro, mas não conseguiu. Poderia virar líder do Governo em 2011, mas a ideia, ao que parece, não vingará. E, agora, em busca de projeção política, está para se acomodar no ninho tucano. Uma metamorfose.
Em dado momento da carreira política, logo após ter tido sua mais expressiva votação, o ex-deputado federal Vicente Cascione, que sempre encarnou com afinco a figura do antipetismo, anunciou que seria vice-líder do Governo Lula na Câmara. Argumentou que não poderia deixar de atender um chamado do presidente da República. O eleitor entendeu. E nunca mais reconduziu Cascione a Brasília.
Em tempo: chega a informação de que a vereadora Telma de Souza, deputada estadual eleita, assumirá vaga na Câmara Federal em janeiro. O motivo é a 'promoção' do deputado Antônio Palocci (PT-SP) ao Ministério da Casa Civil do Governo Dilma. Telma voltará ao Planalto por um mês e deverá entrar na história política nacional como uma das raras pessoas, senão a única, a exercer três mandatos eletivos diferentes (deputada federal em janeiro, vereadora em fevereiro, deputada estadual a partir de março) num intervalo de 90 dias. Por isso é que se precisa de reforma política.
Um comentário:
Bigode, li na bunda de um caminhão.
Olha aí, ô meu, dignidade é feito virgindade: perdeu, tá perdida.
Temo ainda o eleitor surdo cego e louco destes candidatos conversando com outro: "viu, escolhi bem. O cara é tão prestigiado que foi convidado".
Acredito que o MF não será chancelado. Tá mais para o BC pegar o regador. Aliás, duvido que o rapaz saiba regar jardim.
Abraço. E Bom Natal por aí!
PS: Que honra ser o primeiro comentário da centésima postagem. Tentarei estar aqui novamente na milésima.
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