Sabe quem pode se filiar ao PT, em Santos? Mantovani Calejon, que até 2008, quando não foi reeleito, ostentava o título de vereador mais antigo em atividade na Câmara Municipal, com 31 anos consecutivos de mandatos.
Mantovani é um camaleão (ou uma raposa, ou um cigano) político. Começou a carreira no MDB, partido de oposição à última ditadura (1964-1985) e, já na eleição seguinte, concorria à reeleição pelo PDS, legenda que surgiu com o fim do bipartidarismo e substituiu a Arena, de sustentação ao regime militar.
Quem pretende levar o ex-vereador ao Partido dos Trabalhadores é um amigo seu: o deputado estadual petista Fausto Figueira, hoje em seus dias finais na Assembleia Legislativa e que anunciou o fim de sua carreira eleitoral -- mas não, de sua atividade política.
É claro que petistas mais tão ou mais antigos do que Fausto reagiram. "O PT para petistas" é o mote de um manifesto que tem entre seus signatários a vereadora Cassandra Maroni Nunes. Ela é, talvez, a última reserva real de oposição ao governo João Paulo Papa (PMDB).
Porém, aos fatos: Mantovani foi da base governista nas únicas administrações petistas em Santos (Telma de Souza e David Capistrano, entre 1989 e 1996); e, numa conversa que mantive com o ex-vereador no ano passado, quando revelou ter vontade de voltar ao Legislativo em 2012, ele disse ter posto familiares e sua corretora de imóveis à disposição do deputado estadual Paulo Alexandre Barbosa (PSDB) em sua campanha para a reeleição à Assembleia.
Sim, mas onde o tucano entra nisto? Simples: Mantovani pretende cobrar a conta de seu apoio a Paulo Alexandre. E não só Fausto, mas outros petistas (inclusive, que criticam a possível entrada de Mantovani no PT) já admitem que o partido poderá disputar a Prefeitura, no ano que vem, não necessariamente como cabeça de chapa. Talvez aceite sair como vice. Contudo, para ter chances de vitória, vice de quem?
Cabe, aqui, um componente histórico: Fausto Figueira iniciou sua militância partidária no MDB, pelas mãos do prefeito eleito e cassado pela ditadura Esmeraldo Tarqüínio Filho. Após a cassação deste, Santos perdeu o direito de eleger diretamente seus prefeitos: todos eram nomeados pela ditadura. O último deles foi Paulo Gomes Barbosa (1980-1984) -- pai de Paulo Alexandre.
Não se pode julgar o filho pelo pai. Entretanto, nas voltas que o mundo dá, Paulo Alexandre Barbosa deverá faturar a principal cadeira do Palácio José Bonifácio por WO.
A fervilhante, contestadora e vanguardista Santos do passado resume-se, agora, à timidez e à insignificância.
3 comentários:
Não chego a me surpreender, Rafa. O PT já abrigou Ademir Pestana, já flertou com Paulo Correa Jr. Tem os mesmos financiadores de campanha que seus "adversários".
Sendo o partido a reunião de homens que professam a mesma doutrina política, não há mais "PT para petistas". Lamentavelmente.
Rafael,achei um pouco louca essa sua analise.O principal adversario do PT é o PSDB,por que raios o PT tentaria ser seu vice? Isso é non sense. Como non sense é alguem achar que politicos como Mantonvani se filiariam ao PT na boa.Duvido que seja aceito.Paulo Correia teve fortes resistencias no Diretorio,levou no voto com dificuldade,tendo a Telma pessoalmente como cabo eleitoral( por causa de quem ele saiu do PT tambem)
Somos uma força política importante na região e esteja certo que nunca demos WO e nao será agora.
Em tempo, Fausto Figueira negou peremptoriamente a informação de que filiaria Mantovani.Isso deve ser mais um round de futricas internas que apequenam o nosso e outros partidos.
Agradeço pelo comentário, vereadora.
Quando pergunto "vice de quem?", ao me referir à hipótese de que o PT não encabece chapa para disputar a Prefeitura, questiono qual outro partido político poderia ter força eleitoral para se contrapor à provável candidatura do PSDB em 2012.
As demais legendas em Santos fazem frente com o PMDB do prefeito Papa -- tido como fiador das pretensões tucanas. A oposição à Administração atual limita-se a três vereadores do mesmo partido.
Está é apenas minha opinião: mesmo reconhecendo a postura do partido diante do governo municipal, considero difícil para o PT uma solução que não concilie o lançamento de candidatura própria e a renovação de seus quadros. Do contrário, creio que 2012 será marcado por uma tentativa inócua.
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