"Soube até mesmo que o pessoal da Agem (Agência Metropolitana da Baixada Santista) não tem as informações adequadas, talvez por uma falha nossa. Por isso, vamos nos empenhar mais".
A declaração acima é do secretário estadual de Energia, José Aníbal, e foi publicada na edição de hoje do jornal 'A Tribuna', de Santos. Trata da ideia para a instalação de uma usina para tratamento, queima e consequente diminuição do volume de lixo na Baixada Santista.
A primeira vez em que se cogitou uma usina incineradora de lixo, na região, foi em 1976. A ideia mereceu ampla reportagem em 'A Tribuna', na época. Após 35 anos, chegamos aos dias atuais e ouvimos o secretário estadual de Energia comentar que "o pessoal da Agem não tem as informações adequadas" acerca do empreendimento.
Que a população esteja preocupada, sobretudo em Cubatão -- uma cidade traumatizada pela poluição industrial até meados da década de 1980 e famosa pelo nascimento de crianças sem cérebro, muito provavelmente em decorrência dos gases tóxicos no ar --, é compreensível. Mas, da parte do Poder Público, a suposta ausência de "informações adequadas" só pode ser excesso de cautela ou enrolação.
Na matéria de hoje, Aníbal se referiu a sua recente visita à "usina de Porto", que, na verdade, fica no município de Maia, em Portugal (desembarca-se no Aeroporto Francisco Sá Carneiro, na Área Metropolitana do Porto, e segue-se até a usina).
O diretor-superintendente da Agem, Marcos Aurélio Adegas, integrou a comitiva da qual fiz parte, a serviço do jornal, em 20 de maio último. Os dois tiveram acesso às mesmas informações que ouvi, descritas resumidamente na reportagem ao lado (clique para ampliar a página ao lado). E o prefeito de Mongaguá, Paulo Wiazowski Filho (DEM), esteve na usina portuguesa pela segunda vez.
Caso queiram se lembrar de detalhes, há outro empreendimento do tipo em Barcelona, na Espanha, defronte ao Mar Mediterrâneo (clique, também, na imagem ao lado para ampliar), e igualmente visitado pelo dirigente da Agem.
Ao que parece, trata-se da mesma escassez de "informações adequadas" que vem emperrando os projetos do túnel Saboó-Ilha Barnabé, da ligação seca Santos-Guarujá, do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) e do bilhete único metropolitano para transportes coletivos. É o mesmo grupo de políticos desinformados que administra São Paulo desde 1983, com pequenas variações causadas, em geral, por mortes (Franco Montoro, Mario Covas, Orestes Quércia).
3 comentários:
Eu acho que uma declaração como essa serve para justificar uma nova viagem à Europa por parte de nossos representantes políticos. Afinal eles precisam de mais "informações adequadas". Usina, ponte, túnel e VLT são coisas difíceis de fazer. Já turismo é bem fácil.
rafael é isso mesmo.jornalismo é feito com inteligência e crítica construtiva.valeu e boas férias...abração
É incrível como estatísticas e projetos são justificativas para tudo; nada ser feito incluído.
Engraçado pensar que, Napoleão Bonaparte, não construiu o canal da mancha, como estava nos seus planos, não por conta da falta de informações ou estatísticas, mas tão somente por conta de um tal Wellington, que à época servia como general inglês.
O país padecendo de infra-estrutura e só o que vemos são desculpas para esconder o óbvio: ainda que todos acreditem na bonança econômica, em verdade em verdade, o país está endividado em 1,8 trilhões. Prestemos atenção na Grécia, que começou com a dívida um pouco menor do que seu PIB, gastou até a dívida tornar-se um PIB e meio para depois desfrutar dessa fabulosa e incontornável crise. Eis que trilhamos o mesmo caminho. Quem viver verá...
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