Vazamentos inconvenientes

O jornal 'Folha de S. Paulo' lançou, neste domingo (25/9), o 'Folhaleaks'. É uma adaptação do 'Wikileaks' (e este, da 'Wikipédia'), de Julian Assange, que se notabilizou por vazamentos ('leaks', em inglês) de informações oficiais sob sigilo e provocou constrangimentos internacionais -- a si próprio, inclusive.

Obviamente, a 'Folha' propagandeou sua iniciativa, a de receber informações de fontes anônimas e não remuneradas, com o compromisso de só publicar seu conteúdo após verificar as informações.

Na seção de comentários da notícia no 'Folha.com', o mais votado e, por isso, o primeiro a ser visto quando se clica na matéria, foi o de um leitor que se identificou como Eduan Lenine Neves. Ele escreveu:

"Que bom, tenho alguns documentos que comprovam o envolvimento da folh@ com a ditadur@".

Brincadeira ou não, aludiu a um fato citado, por exemplo, no 'Conversa Afiada', site do jornalista Paulo Henrique Amorim, de que o jornal emprestou carros para o transporte de pessoas detidas no regime militar.

Pois o texto foi removido da lista. Isso, mesmo com a ressalva, feita pela 'Folha.com' depois de cada uma das postagens dos leitores, de que "o comentário não representa a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem".

Neves reagiu. Criou outra conta para postar comentários no site, denunciou a censura na nova postagem e repetiu as declarações. No dia seguinte, era, novamente, o mais votado pelos leitores. E acrescentou:

"Vai falar que isso não é ditadur@ da imprensa?".

Só por isso, a proposta da 'Folha' fica abalada. Como crer que toda informação relevante e confirmada vá virar reportagem?