Notícia interessante: o Conselho de Desenvolvimento da Baixada Santista (Condesb), que reúne os nove prefeitos da região e nove representantes do Governo Estadual, mandará fazer um estudo para verificar se é viável o transporte de passageiros pelos rios da região.
É bem provável que sim. Muita água banha esta metrópole, não só a do oceano. E, com o acelerado crescimento da população das cidades vizinhas a Santos -- quase 35% em Praia Grande, na última década -- e a consequente saturação de vias urbanas e estradas, está aí uma boa alternativa de tráfego.
A medida seria ainda mais positiva se não chegasse atrasada. A decisão do Condesb, anunciada por uma câmara temática criada para abordar o transporte hidroviário, foi divulgada dois anos depois da última demonstração de um possível percurso entre Cubatão e São Vicente.
Os dois prefeitos, respectivamente Marcia Rosa (PT) e Tercio Garcia (PSB), agendaram um passeio pelos rios entre as duas cidades. A principal intenção era criar uma linha de viagens, por barco, a ser utilizada em especial pelos trabalhadores do polo industrial cubatense que moram do lado vicentino.
O mais relevante daquela experiência, que nesta quinta-feira (24/11) completa um biênio, foi o naufrágio de uma das lanchas, que colidiu com a embarcação na qual viajavam autoridades e virou no meio do caminho, com equipes de reportagem dentro.
A ideia também submergiu e só agora foi resgatada.
Sintomaticamente, é previsto que, após a contratação de uma empresa especializada, o estudo levará nove meses para ficar pronto. O tempo de um parto.
Mas o que está para nascer é um Condesb mais sintonizado com as necessidades regionais. Em vez de propor saídas, parece limitado a reagir com atraso ao que acontece na Baixada.
O conselho fará 15 anos no próximo dia 30. Naquela época, nem sequer se sonhava com explosão imobiliária e grandes descobertas de petróleo em águas profundas, na mítica camada pré-sal.
Tudo apareceu e, sem agilidade, prefeitos e Estado ficaram a reboque das alterações na população, no trânsito, nos empreendimentos imobiliários, na (má) distribuição dos empregos, na (ausência de) qualificação profissional exigida, no (cada vez mais impontual e lotado) transporte coletivo.
Nada disto é exercício de pessimismo. Se não é para crer num futuro melhor, morrer é o mais viável. Mas o avanço não cai do céu. De lá, só as fortes chuvas previstas para o verão e que geralmente colaboram para agravar outras sérias questões daqui: a saúde pública e a habitação popular.
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