sexta-feira, 28 de junho de 2013

O problema são os outros

Circula por aí uma corrente, baseada numa mensagem do Twitter, sugerindo que quem recebe Bolsa Família e outros auxílios governamentais seja impedido de votar. O objetivo é simples: tirar o PT do governo e dar fim ao "populismo".
 
O PT tem gente de mau caráter? Tem. Há vagabundos e encostados entre os que recebem ajuda oficial? Sim. Mas não são a maioria. E restringir o direito ao voto é riscar o Artigo 14 da Constituição, que garante voto -- com peso igual -- para todos.
 
Pois o que dizer dos que sonegam impostos? De banqueiros que nunca faturaram tanto e arrebentam clientes? De gente que nunca deu um dia de trabalho a ninguém? Dos que passam a vida agarrados a cargos públicos, como resultado de ações entre amigos -- petistas inclusive? Não são uns pilantras?
 
É justo deduzir que a maioria desses seja partidária do PSDB, do PPS, do DEM? Em caso positivo, eles abdicariam do direito de votar até que "deixassem essa vida" e começassem a andar na linha? O jeito é retomar a ditadura, então? Claro que não.
 
Na verdade, essas ideias que vez por outra aparecem nas redes sociais ajudam a mostrar que o abismo permanece. É uma questão de cultura. Os "de cima" não suportam os "de baixo", os "ignorantes", os que não frequentam "o clube". E o contrário também vale. Quando é um "ex-pobre", "subiu na vida porque roubou".
 
Jesus Cristo -- a quem costumam se agarrar os partidários das "tradições" -- não deixou nada escrito. Porém, ninguém teve ideias tão difundidas nos últimos dois milênios. Optou pelos pobres, e "pobres, sempre os tereis". Era populista?

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