quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Vou voltar para minha cadeirinha

Dizem que a gente não deve perder a capacidade de indignação com aquilo que considera errado. Mas tem horas que essa bronca, quase raiva, se transforma em outra coisa: em pena.
 
Pena desta região largada à própria sorte, a políticos que se profissionalizaram na arte de prometer em vão, incapaz de ter projetos idealizados na geração passada que se tornem realidade, que seja, na geração seguinte.
 
Não temos um aeroporto regional, bilhete único nos ônibus interurbanos, um trem para levar pessoas a pontos distantes, uma pista que dê fim a horas em filas de balsas quando faz sol, ou o mar se agita, ou há neblina, ou navios passam.
 
Esta é a Baixada Santista, que em estudos recentes de órgãos nacionais foi ignorada enquanto região metropolitana devido a uma constatação óbvia: não "se comporta" como metrópole; não "pensa" conjuntamente. Só se faz espuma.
 
Quando eu era moleque, já se falava em tudo isso. Quando meus pais eram jovens, também. Para ser sincero, aeroporto local e túneis são ideias de antes mesmo dos meus avós. Jesus, isso é ridículo. Dá vergonha, muita vergonha.
 
Isso porque eu não falei dos baixos índices de longevidade e escolaridade nem dos piores indicadores de mortalidade infantil e moradias inadequadas no Estado. Ninguém honesto consigo mesmo pode dizer que esta é uma região planejada.
 
Escrevi tudo isto após assistir, na TV Tribuna, aos questionamentos do Ministério Público Estadual ao traçado do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT). Isso deveria estar definido há muito tempo.
 
Talvez eu tenha tido um ataque de insanidade e imaginado, por alguns minutos, que estamos no século 21. Que nada. É 1980, sou uma criança e vou voltar para minha cadeirinha, onde tem papinha quente e brinquedos coloridos. Tchau.

Nenhum comentário: