sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Caos. E pode ser que eles acertem

"Situação de moradores de rua deixa munícipes preocupados com o turismo". Hoje (3), no G1, com base em relatos de que turistas "devem ficar com má impressão" de Santos ao vê-los.

Não, cidadão. Não é preciso que haja mendigos para se ter "má impressão" de onde quer que seja. Há gente vivendo nas ruas em quase todo lugar deste mundo, inclusive em meio a turistas.

O que provoca "má impressão"? Violência, falta d'água, queda de energia elétrica, tudo junto e misturado, no auge da temporada de verão nesta Baixada Santista sempre iludida, traída, enganada. E, curioso, os turistas continuam vindo para cá.

O que me deixa fervendo mais do que a sensação térmica de 50 graus à sombra dos últimos dias é ver que: 1) Mendigo 'incomoda os olhos', mas, ajudar, poucos o fazem; 2) Quanto mais a realidade aparece, mais os governos mostram sua incompetência.

A Sabesp prometeu o fim dos problemas no abastecimento de água por 30 anos, na Baixada, com a inauguração de novas estações. A promessa não durou 30 horas. Evaporou, tal qual a água em muitas, muitas residências e casas comerciais.

O trágico, moralmente falando, é que a Sabesp continua gastando meu dinheiro com sua propaganda em horário nobre na TV, com vídeos do ano passado (o do Onda Limpa em SV) e dizendo que, "do portão pra dentro, contamos com você". Pra quê?

Houve quem ficasse sem energia elétrica perto da passagem para o Ano-Novo. Água para gerar força, tem. Força para passar pelos cabos e estações, tem. Mas e o dimensionamento do sistema, tem? Não: é como a água.

Nunca antes me lembro de ter visto tantos policiais numa praia como em Guarujá, onde estive dois dias antes do Natal. Grupos de PMs em cada esquina. Mas, quatro quadras para dentro, onde os bairros não nobres começam, a vida ressurge.

E, lá, o que é a vida? Ser roubado. Como hoje: dois colegas -- uma repórter e um motorista -- num carro de reportagem, identificado, foram abordados por um bandido armado que lhes levou os pertences numa via periférica, ao lado do local da pauta.

Como, aliás, já aconteceu com outros jornalistas em São Vicente, Praia Grande, Cubatão, Santos... E, lógico, com cidadãos de todas as profissões, como uma pessoa que foi assaltada na Ponte do Mar Pequeno, em PG, antes do fim do ano.

Ela descreveu ter sido abordada por meia dúzia de indivíduos, ao menos um deles com um fuzil. A metros dali, segundo ela, havia dois policiais rodoviários. Não intervieram, ainda de acordo com a vítima, porque estavam em minoria. Tiveram medo.

Estou na pauta do jornal até o começo do mês que vem. De novo, numa época que deveria ser tranquila (férias, praia, sossego, não é?), o pessoal passou o dia ouvindo queixas e vendo protestos de gente que voltou ao século 19 e bebe água de bica.

Eu não duvido de que esses tantos servidores públicos, nos diferentes órgãos onde atuam, queiram servir as pessoas. Fazer aquilo para o que são pagos, uns mais, outros menos. Mas alguns, os mais altos na escala, acham que somos uns paspalhos.

Outubro, mês de eleições, mostrará se eles têm razão. Meu medo é que acertem.

Um comentário:

Eraldo José dos santos disse...

Interessante seu Reexame, amigo Rafael, mas em relação ao abastecimento de água penso que também cabe uma dose de responsabilidade social ao jornal. Não basta apenas que uma gestora de uma empresa do porte da Sabesp faça uma afirmação tão descabida que não mereça um questionamento mais sério do jornal. A não ser que esteja tudo dentro do pacote publicitário para o suplemento Praias, sempre publicado no verão. Se foi este o preço então a situação é muito mais grave, pois não dá pra transigir com serviço essencial.
Abraço,