terça-feira, 11 de fevereiro de 2014
Um parágrafo
Vai tudo num parágrafo só: espero que o assassinato (pois foi um homicídio) do cinegrafista da Band pelo bandido fogueteiro dê fim aos mascarados e sanguinários nos protestos -- e não, que as manifestações legítimas acabem. Esses covardes têm medo do quê? De que têm vergonha? Sabem o que é ditadura? Sabem que, naquele mesmo Rio de Janeiro, em 1968, 100 mil pessoas de cara limpa entraram para a história ao pedir o fim daquele regime asqueroso sem quebrar nada nem ninguém? Não, não sabem, porque essa 'geração Playstation' pensa que "perder a vida" é levar um tiro que não dói, é ilusão. A morte de Santiago Andrade é tão revoltante quanto as outras que aconteceram no ano passado, mas que repercutiu ainda mais por ter sido com um colega nosso (aliás, talvez seja o que resta da capacidade de mobilização dos jornalistas). Mas, se ela não eliminar os baderneiros, perderemos a chance de mostrar que temos voz e não queremos mais os desmandos e a corrupção da canalha política que anda de mãos dadas com outros pilantras no poder público e no empresariado. Voltará a vencer o pensamento de que "manifestante é igual a baderneiro", como era às vésperas do Golpe de 1964 (há meio século!), em que o "cidadão de bem" clamava pela "ordem". Não conseguiremos mais mostrar nosso descontentamento nas ruas. Voltaremos, de vez, a ser um povo conivente, que só reclama na fila da padaria ou na linha do tempo do Facebook. E, pior, que vai aceitando a existência de justiceiros como revide à bandidagem, com acorrentamentos e espancamentos, porque "alguém tem que agir". Sim, uma coisa tem a ver com a outra. Os bandidos fogueteiros, os mascarados e os sanguinários estão a serviço de alguém que não quer nos ver por aí protestando. Que pensa em impedir que critiquemos a violência oficial e, assim, batamos palmas sempre para o regime da cacetada. Que querem que a gente vá "cuidar da própria vida" e se esqueça de tudo. Até que haverá eleições em outubro. Incrível: eles têm tudo para conseguir.
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