quinta-feira, 26 de março de 2015

Sozinhos, mas com ajuda da escola

O jornal 'A Tribuna', de Santos, SP, mostra hoje (26) o protesto de um grupo de estudantes que fez passeata para protestar por melhorias no colégio e em apoio a seus professores, em greve por melhores salários.

Excelente! Aleluia! Insatisfação é algo que, quando possível, deve ser revelada. Mas é preciso saber a quem manifestá-la. Os alunos são de uma escola estadual. Aonde foram reclamar? Na porta da Prefeitura!

A alegação de que o prefeito é do mesmo partido do governador não ajuda. Especialmente porque os alunos não souberam dizer por que não foram à Diretoria Regional de Ensino, à qual cabe a Educação estadual.

Sobra informação. Todo mundo "sabe" de tudo hoje, desde a infância. Basta ir ao Google. Vinte anos atrás, ninguém da escola estadual onde eu estudava, a Olga Cury, em Santos, nem imaginava o que seria internet.

Mas nós saímos em passeata contra a ideia do Governo Estadual de comprar vales-transporte para que alunos estudassem, se necessário, do outro lado da cidade, em vez de abrir salas de aula onde era preciso.

E fomos caminhando à então Delegacia Regional de Ensino. Alguém arrumou, não sei quem, um carro de som. Fiz parte do grupo de alunos que foi ao gabinete, mostrou o absurdo que era a ideia e foi embora.

Não nos passou pela cabeça, não sei por que, procurar algum político que fosse para encaminhar nossa reivindicação. Não poderíamos ter feito coisa melhor: a delegacia se sensibilizou conosco e abandonou a ideia.

(Por isso, deixo um recado aos garotos e garotas que não eram nascidos naquele 1995 tão distante: jamais procurem intermediários para aquilo que vocês realmente podem resolver sozinhos. Façam vocês mesmos.)

Depois que terminei o Ensino Médio, começou a vigorar a Progressão Continuada nas escolas. Uma bela intenção, não tivesse sido aplicada com o único propósito de acabar artificialmente com a reprovação escolar.

Muitas reportagens surgiram, com o tempo, mostrando que jovens à beira de um vestibular mal sabiam escrever o próprio nome ou, em situação menos pior, não compreendiam o que estavam lendo.

Eu imagino que isso tenha relação com o fato de a escola não estar sendo capaz de incentivar cidadania e compreensão das coisas, até como forma de amenizar a deficiência na educação de berço de muita gente.

Nada a ver com as aulas de "Educação Moral e Cívica" da minha época. Eram um resquício inútil da ditadura porque, enquanto fazíamos uma lição qualquer, a professora preenchia cruzadinhas. Ou dormia! Subversiva?

Aos professores em greve na rede estadual, sugiro que reivindiquem o poder de avaliar seus alunos profundamente. Não para reprová-los, mas para entendê-los e lhes dar caminhos para que busquem ser melhores.

E, também, para que saibam de quem é a responsabilidade em cada caso. Ainda, para que, num novo protesto qualquer, tenham na cabeça exatamente o que pedir e uma proposta para resolver o que está errado.

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