segunda-feira, 13 de abril de 2015

Um grão de areia na 'praia' Brasil

Zero vírgula vinte e três. Por extenso, é o percentual da população brasileira que, somando-se todos os protestos de ontem (12), saiu às ruas contra a presidente Dilma Rousseff e o governo.

Traduzindo: segundo cálculos das polícias dos estados, 456 mil pessoas utilizaram o domingo para se manifestar, ante 2 milhões em 15 de março -- isso considerando, segundo a PM, metade delas só na Capital paulista.

O que deu errado? A oposição, sempre ela.

Porque, em sua tática de guerra para pressionar o governo a atender suas vontades, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), levou ao plenário, justamente na semana que se passou, o projeto da terceirização.

E porque, entendendo que demonstrar força é uma forma (na avaliação de opositores) de mostrar a fragilidade do Planalto, oposicionistas melaram o próprio discurso. Que, afinal, não resiste ao confronto mais rasteiro.

Como entender que o PSDB, por exemplo, tenha tido a insensibilidade política de, em vez de sugerir o adiamento do debate (e, assim, não desviar o foco dos protestos que haveria), ainda ter votado em peso no projeto?

De que maneira aceitar que outro opositor, o eterno líder sindical Paulo Pereira da Silva (SD-SP), vá à televisão reclamar de que o governo mexeu no seguro-desemprego e, na mesma semana, vote pela terceirização?

O eleitor, por mais descontente que esteja com PT e governo, começa a perceber (ufa!) que o problema não é apenas a Presidência: se depender do Congresso e da oposição para defendê-lo, estará ainda mais perdido.

Se for menos desastrado do que os opositores, o governo terá acabado de ganhar a chance de se reerguer perante a opinião pública. O mínimo que vier a conseguir será lucro. Mesmo que pouco ou nada melhore nossa vida.

Porque 0,23% da população na rua bradando por impeachment representa, apenas e tão somente, pouco mais do que o total de habitantes de Santos. Um grão de areia na 'praia' Brasil.

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