Zero vírgula vinte e
três. Por extenso, é o percentual da população brasileira que,
somando-se todos os protestos de ontem (12), saiu às ruas contra a
presidente Dilma Rousseff e o governo.
Traduzindo: segundo
cálculos das polícias dos estados, 456 mil pessoas utilizaram o
domingo para se manifestar, ante 2 milhões em 15 de março -- isso
considerando, segundo a PM, metade delas só na Capital paulista.
O que deu errado? A
oposição, sempre ela.
Porque, em sua tática
de guerra para pressionar o governo a atender suas vontades, o
presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), levou ao plenário,
justamente na semana que se passou, o projeto da terceirização.
E porque, entendendo
que demonstrar força é uma forma (na avaliação de opositores) de
mostrar a fragilidade do Planalto, oposicionistas melaram o próprio
discurso. Que, afinal, não resiste ao confronto mais rasteiro.
Como entender que o
PSDB, por exemplo, tenha tido a insensibilidade política de, em vez
de sugerir o adiamento do debate (e, assim, não desviar o foco dos
protestos que haveria), ainda ter votado em peso no projeto?
De que maneira aceitar
que outro opositor, o eterno líder sindical Paulo Pereira da Silva
(SD-SP), vá à televisão reclamar de que o governo mexeu no
seguro-desemprego e, na mesma semana, vote pela terceirização?
O eleitor, por mais
descontente que esteja com PT e governo, começa a perceber (ufa!)
que o problema não é apenas a Presidência: se depender do
Congresso e da oposição para defendê-lo, estará ainda mais
perdido.
Se for menos desastrado
do que os opositores, o governo terá acabado de ganhar a chance de
se reerguer perante a opinião pública. O mínimo que vier a
conseguir será lucro. Mesmo que pouco ou nada melhore nossa vida.
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