"Na tarde desta terça-feira (19), a TV Cultura anunciou, por meio de comunicado oficial, que não serão gravados novos episódios da série infantil 'Cocoricó' no primeiro semestre de 2010. (...) A dispensa à equipe foi anunciada na noite da última segunda-feira (18), por telefone, pela gerente de produção da emissora, Leila Maria Russo. (...) O comunicado oficial da emissora diz que o ''Cocoricó' é o mais importante projeto infantil da TV Cultura e, em 2010, continua normalmente na grade da emissora com a nova temporada: 'Cocoricó na Cidade', com novos cenários, personagens, capturada e exibida em alta definição (HD)'".
Se "o mais importante projeto infantil" da TV Cultura, vinculada ao Governo do Estado de São Paulo, merece tal tratamento, é de se imaginar o que pode acontecer com os demais.
E isso ocorre num momento em que donos da mídia condenam a proposta federal do Programa Nacional de Direitos Humanos, onde se pretende, por exemplo, regulamentar o Artigo 221 da Constituição. Entre os "princípios" que deve seguir a programação de rádios e TVs, estão "preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas" e "promoção da cultura nacional e regional".
A Cultura é uma emissora de finalidade educativa. Já produziu programas memoráveis para a infância, como 'Bambalalão', 'Catavento' e 'Rá-Tim-Bum' — este completa 20 anos agora e ainda está na programação do canal; nem precisa de "alta definição".
Talvez o Estado tenha tirado do terreiro do 'Cocoricó' parte do aumento das verbas para publicidade previsto no orçamento estadual deste ano. A reserva para propaganda aumentou mais de 400% em relação a 2009.
Adivinhe se estamos em ano eleitoral...
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Em tempo: o presidente da Fundação Padre Anchieta (mantenedora da TV Cultura), Paulo Markun, esteve nesta quinta-feira (21/1) no jornal 'A Tribuna', onde foi entrevistado pelo colega Luiz Gomes Otero. Indagado sobre o 'Cocoricó', Markun disse que a equipe do programa foi contratada novamente e o seriado será transformado num longametragem, especialmente montado para passar em cinemas.
(A foto acima foi veiculada junto com a matéria no UOL. Não há indicação de crédito)
2 comentários:
Acabar com o Cocoricó só mostra que o Governo Serra não tem pena das crianças. Um completo absurdo, até pelo alcance social e de marketing que a marca vinha obtento nos últimos anos. Virou até capa de caderno escolar, veja só.
Acho que a discussão não é nem pro lado do alcance social. É maior. Diz respeito a tão enxovalhada qualidade da TV brasileira, um pesado pendão que a TV Cultura arrasta, sozinha, há anos, pagando um preço caro: o quase traço na medição de audiência. Pois bem, tirar o Cocoricó do ar, principal atração da emissora e muito popular entre os pequenos. E colocar o que no lugar? Como bem lembrou o nosso amigo Motta, outros projetos na mesma linha como Catavento, Bambalalão, Rá Tim Bum e Castelo Rá Tim Bum (quase todos mantidos no ar por meio da TV Rá Tim Bum, a cabo) fizeram história. Se a proposta for renovar, sou a favor. Se for encerrar por encerrar e manter no ar a onda de reprises costumeira, sou contra. Investir em programação educativa e de alto nível é o que se espera de uma emissora pública. A Cultura tem obrigação de manter um produto de qualidade tão boa quanto o Cocoricó no ar. E que agrade aos pequenos um tanto quanto, é claro.
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