Na década de 1970, no auge da ditadura militar no Brasil, houve uma epidemia de meningite meningocócica no Estado de São Paulo. Mas, ao menos pela Imprensa, ninguém soube de nada: o governo censurou a divulgação de notícias sobre a doença — e, por consequência, de informes sobre os meios de prevenção. Afinal, como proteger as pessoas de algo que “não existe”?
Muitos (quantos?) morreram por causa disso.
Hoje, quase 25 anos após o fim daquele regime ditatorial, Governo do Estado e Prefeitura de Guarujá unem-se para desinformar. Não revelam de onde surgiram os norovírus que causaram o surto de diarreia registrado na cidade desde dezembro passado: de comida contaminada, de praias sem condições de balneabilidade, da água fornecida pela Sabesp.
Até dia 15, foram quase 2 mil contaminados.
Tempos distintos, objetivo igual: evitar que um problema de saúde pública manche a imagem da região, do Estado, do País. Como se, ao esconder a causa de uma doença que pode matar, a população pudesse ficar tranquila e sentir que, nas próximas férias de verão, poderá voltar em paz à Pérola do Atlântico.
Ideia de gente indigna — inclusive do cargo.
E o Poder Público não entende por que hospitais e prontos-socorros lotam com tamanha frequência. Não adianta dizer às pessoas que não procurem serviços de emergência por “qualquer coisa”. É preciso orientá-las a se proteger de “qualquer coisa”.
Como diria qualquer mãe, melhor prevenir do que remediar. Portanto, outubro vem aí.
Um comentário:
Vírus perigoso! Seríamos nós os médicos?
Abraço.
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