sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

O vírus da desfaçatez

Na década de 1970, no auge da ditadura militar no Brasil, houve uma epidemia de meningite meningocócica no Estado de São Paulo. Mas, ao menos pela Imprensa, ninguém soube de nada: o governo censurou a divulgação de notícias sobre a doença — e, por consequência, de informes sobre os meios de prevenção. Afinal, como proteger as pessoas de algo que “não existe”?

Muitos (quantos?) morreram por causa disso.

Hoje, quase 25 anos após o fim daquele regime ditatorial, Governo do Estado e Prefeitura de Guarujá unem-se para desinformar. Não revelam de onde surgiram os norovírus que causaram o surto de diarreia registrado na cidade desde dezembro passado: de comida contaminada, de praias sem condições de balneabilidade, da água fornecida pela Sabesp.

Até dia 15, foram quase 2 mil contaminados.

Tempos distintos, objetivo igual: evitar que um problema de saúde pública manche a imagem da região, do Estado, do País. Como se, ao esconder a causa de uma doença que pode matar, a população pudesse ficar tranquila e sentir que, nas próximas férias de verão, poderá voltar em paz à Pérola do Atlântico.

Ideia de gente indigna — inclusive do cargo.

E o Poder Público não entende por que hospitais e prontos-socorros lotam com tamanha frequência. Não adianta dizer às pessoas que não procurem serviços de emergência por “qualquer coisa”. É preciso orientá-las a se proteger de “qualquer coisa”.

Como diria qualquer mãe, melhor prevenir do que remediar. Portanto, outubro vem aí.

Um comentário:

Unknown disse...

Vírus perigoso! Seríamos nós os médicos?

Abraço.