A denúncia dessas práticas transformou dois deputados santistas — o estadual Nelson Fabiano e o federal Marcelo Gato — nos últimos políticos cassados pela ditadura. Perderam os mandatos em 5 de janeiro de 1976. Coincidência: também para um 5 de janeiro, está marcado o enterro do corpo do que era tido como todo-poderoso da segurança paulista.
Mas o regime militar continua a perecer aos poucos. A morte dos personagens daquela época torna mais difícil a possibilidade de condenação, em vida, dos que feriram, abalaram mentalmente, mutilaram e mataram homens e mulheres sob o pretexto da defesa da soberania nacional contra a “ameaça comunista”.
E possíveis punições a colaboradores da ditadura têm sido postergadas. Inclusive pelo atual governo, em que há figuras para as quais a Lei da Anistia a perseguidos políticos também se aplicaria aos antigos defensores do regime militar. A propósito, numa entrevista de 2004, Erasmo Dias chegou a sugerir que deveria ser indenizado por isso.
Não se trata apenas de compensar financeiramente ou mandar para a prisão quem quer que seja. Definir oficialmente quem estava do lado certo ou errado é um compromisso histórico. Assim já vêm fazendo nações vizinhas, como Argentina e Chile, que desse modo preparam as próximas gerações para que não voltem a perder sua liberdade.
Um comentário:
Os personagens se vão, mas as feridas permanecem.
Belo texto, como sempre.
abs
Flávia
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