quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Pior do que está? Ah, fica

Não é que o povo não tenha aprendido a votar, apenas. A maioria dos candidatos é que ainda não se deu conta da seriedade do negócio em que pretende entrar: a política. Mas, neste mundo em que vigoram as leis de Gérson (levar vantagem em tudo) e de Murici (pela qual cada um cuida de si), nada mais esperado do que ver o mesmo de sempre no horário eleitoral obrigatório.


E será assim por todos os séculos dos séculos – mas nada de “amém”, pois quer dizer “assim seja” – porque alguns dos velhos caras-de-pau que se elegeram na base da brincadeira e outros que se fazem de sérios (talvez, os piores) não estão nem aí para o atual formato de propaganda política, que não passa de desperdício de dinheiro do contribuinte.

Daí porque o palhaço Tiririca (PR), por exemplo, nem se envergonha de admitir, na televisão e no rádio, para a Nação inteira, ser um ignorante quanto ao papel de um deputado federal – cargo ao qual concorre. É uma sinceridade que resiste ao rigor da Justiça Eleitoral, cujo maior mérito até agora tem sido recusar o registro da candidatura de Paulo Maluf (PP) à reeleição para a Câmara.

Mas a Justiça só age quando provocada. E o foi, por meio de uma representação assinada pelo candidato a deputado estadual Eliseu Gabriel (PSDB). Para o concorrente, citado na 'Folha Online', “o que ele (Tiririca) está fazendo é uma afronta ao Congresso Nacional e ao poder público em geral”.

Cá entre nós, nada mais grave do que as afrontas cometidas quase todos os dias por nossos representantes municipais, estaduais e federais. Mas vamos ao que respondeu o procurador Sérgio Monteiro Medeiros, do Ministério Público Eleitoral paulista, ao rejeitar a representação de Gabriel:

"É um modo de expressar jocoso, crítico, popular, mas e daí? Quem disse que as campanhas eleitorais visam a atingir o erudito, os mais estudados? O Brasil é uma democracia, não uma oligarquia. Até os analfabetos votam, e os que apenas sabem ler e escrever podem ser votados. De fato, não tendo o candidato agido de forma ofensiva, desrespeitosa, enfim, sequer inadequada do ponto de vista legal, não há por que ser repreendido".


Em tempo – 1: a candidatura de Eliseu Gabriel corre perigo. Ele teve seu registro de candidatura indeferido e já apresentou recurso. Está lá, no Sistema de Divulgação de Candidaturas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE);

Em tempo – 2: muitos outros candidatos não fazem a menor ideia do papel de um legislador. Só não o admitem. Mas não pense que seja por vergonha disso;

Em tempo – 3: é por essas e outras que não dá para concordar com o 'slogan' em que Tiririca pede votos (“Pior do que tá, não fica”). Pode ficar, sim. Três de outubro está cada vez mais perto.

2 comentários:

César disse...

Prezado Bigode,

Tal como o despertar destes personagens para a política brasileira, foi também o de Sócrates (camisa 10 da Grécia) para a filosofia. Ficou célebre a sua afirmação: "Só sei que nada sei".

No fundo, talvez eles (Tiririca e cia) estejam prestando prestando um 'serviço público' para fazer o povo se espantar e questionar, tal fez aqueles barbudos da Grécia antiga, responsáveis pelo pensamento filosófico moderno.

A indignação nasce do espanto, caro

Veja o vídeo abaixo para relaxar um pouco...
http://terratv.terra.com.br/videos/Noticias/Istoe/4701-316739/O-debate-pega-fogo.htm?rclick=true

Um abraço do Miranda

Nando disse...

Concordo com o promotor, viva a democracia. Clodovil e Enéas morreram, Frank Aguiar acabou pulando fora, Maluf talvez nem consiga concorrer. Portanto, os paulistas têm o direito de continuar mantendo alguém que seja sua imagem e semelhança no Congresso Nacional.