sábado, 30 de outubro de 2010

Saldão de balanço


Os que criticam o baixíssimo nível desta campanha para a Presidência da República têm razão. Mas eu estou realizado. Tudo o que aconteceu serviu para tirar do Brasil o manto de país cordial, solidário, multicultural e no qual há espaço para todos, sem se dar importância a cor, local de nascimento, classe social, religião. A nação está redescoberta. Sabemos melhor onde pisamos.

Nossa máscara caiu. É uma nova História. Já não podemos ser tão hipócritas.

Mais do que nunca desde a retomada da democracia (?), os candidatos e seus defensores (sobretudo, os de José Serra) assumiram o papel de membros de facções rivais, quase criminosas; propostas deram lugar a ofensas e demagogia; jogou-se luz na discriminação, não tão velada, de pobres e nordestinos por sulistas e sudestinos (são os que vivem nas regiões Sul e Sudeste, por que não?).

Também descobrimos certos críticos do Bolsa-Família, que consideram seus beneficiários uns “vagabundos” que deixam o trabalho para “viver de renda”. São aqueles que gastam R$ 200,00 – o valor máximo pago a uma família; a média nacional é de R$ 96,00 – num jantar não muito sofisticado ou na mesada para os filhos. Alguns deles, até, vivem... de renda.

Mesmo as pesquisas de opinião ajudaram a revelar este Brasil. A popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva – que abusou, sim, do direito de indicar Dilma Rousseff, sua eleita – só faz aumentar. Segundo o Datafolha, está em 83%. Porém, 3% o consideram um governante ruim ou péssimo, e é o tom que se vê na cobertura jornalística brasileira de maior alcance, ditada por uma minoria interessada em si mesma e que vê os 97% restantes como um detalhe.

O Brasil é um país fechado para balanço. Mas, quando reabrir, não teremos grandes descontos no saldão.

Traduzindo: vai ser tudo a mesma coisa. A diferença é que ficará às claras.

Um comentário:

Nando disse...

Torço mto pra vc estar certo. Mas algo me diz q a hipocrisia vai continuar a mesma...