A postura do presidente da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) de Santos, ontem, durante audiência pública na Câmara Municipal, mostra algo que Rogério Crantschaninov não deveria ter: desconhecimento sobre o modo de operação do transporte coletivo na Cidade.
Sim, já se sabe que os antigos cobradores de passagens jamais voltarão aos ônibus santistas. Mas dizer que os motoristas não exercem dupla função porque "não dão o troco enquanto estão dirigindo" é uma declaração ingênua ou mentirosa.
Eventual ingenuidade à parte, dizer que o motorista não dirige enquanto cobra a tarifa é mentira. Afirmar que todo condutor para o ônibus e espera para ver a identidade dos maiores de 65 anos, que não pagam condução, é mentira. Men-ti-ra!
Provo o que estou dizendo com a reportagem ao lado, de minha autoria e publicada em 'A Tribuna' três dias atrás (clique nela para lê-la).
Porém, declarar que a improvável volta dos cobradores aumentaria o valor da passagem para, talvez, até R$ 3,00 (subiu para R$ 2,65 no domingo passado), é verdade.
Verdade porque, quando os cobradores foram eliminados, a Viação Piracicabana deixou de ter despesas com seus salários. O adicional que os motoristas passaram a receber pela nova tarefa não corresponde ao salário do cobrador.
E, como todo passageiro de transporte coletivo em Santos sabe (e o presidente da CET talvez, porque parece ser um homem muito ingênuo), o preço da passagem não caiu um centavo com a demissão dos cobradores.
Uma última atitude de possível inocência de Crantschaninov se deu ao afirmar que o "aquecimento do mercado" levou alguns motoristas a pedir demissão. Para trabalhar em quê? Coleta de lixo? Venda de enciclopédias? Ajudante de pedreiro?
São todas elas profissões nobres e honestas. Mas quem as exerce ganha menos do que um motorista. Ninguém deixa um emprego onde ganha mais para ir trabalhar recebendo menos se não estiver satisfeito em seu lugar.
Inocência, Rogério Crantschaninov é teu nome.
5 comentários:
Boa, Rafa!
Nenhum administrador tem coragem de escancarar o balanço financeiros das empresas concessionárias, porque a margem de lucro é muito alta.
Pois é Rafael, as desculpas do "nobre" administrador são escandalosas. Os ônibus não podem ter ar condicionado porque têm que parar o tempo todo nos pontos, abrindo e fechando as portas. Não é isso que fazem os seletivos? Com um agravante: param nos pontos e fora deles - a única diferença é que têm que respeitar a lotação. Não tinha que ser assim também com os demais coletivos?
Rogério, apesar de dizer não para todas as solicitações ainda promete penalizar o usuário de ônibus: vai aumentar o espaço entre os pontos de ônibus. Quer dizer que sempre que for chamado para esclarecer dúvidas e ouvir sugestões o "nobre administrador" vai sacrificar ainda mais os munícipes trabalhadores?
Alguém me responda.....
O transporte coletivo em Santos é da Piracicabana. A Piracicabana é de Nenê Constantino, que tem o singelo hábito de resolver as pendências na bala (nem o genro escapou). Se você espera alguma sinceridade por parte de uma administração que faz acordos com esse tipo de gente, Rafa, o inocente é você...
Não conhecia este seu blog, Rafael. No entanto, de cara, o reconheço no espírito, no texto e na audácia. Parabéns pelo texto. Acaba de ganhar um novo leitor...!!
A verdade é que contratos de transporte coletivo são uma verdadeira caixa de Pandora. Servem de plataforma para candidatos da oposição durante as campanhas. Qd é o caso de esses candidatos vencerem, esquecem e se integram à farra. Na verdade, o poder é sempre dessas empresas (além das empreiteiras, fornecedoras de merenda etc), que estrategicamente costumam bancar campanhas de tantos candidatos for necessário para se manterem no poder. O povo é que não se dá conta que são eles que realmente mandam.
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