Você conhece alguém que já foi assaltado. Não estranhe a ausência do ponto de interrogação: é uma afirmação, um fato, sem medo de errar.
Posso dizer, ainda, que você também sabe de alguma pessoa que, vítima de bandidos, foi à polícia e não conseguiu nada além de registrar boletim de ocorrência.
Na noite passada, a casa de dois cunhados meus, em Praia Grande, foi esvaziada por um trio de bandidos que levou deles tudo o que pôde, do carro ao DVD. Para garantir uma ação sem reações, mantiveram apontada uma arma para o filho mais velho deles, um menino de 4 anos.
Se você viu o 'Jornal da Tribuna - 2ª edição' deste sábado à noite, em que um trio invadiu a casa de uma família praia-grandense e roubou o que tinham, esqueça: esse era outro caso, talvez no mesmo dia.
A propósito, o PM entrevistado recomendou "olhar bem no entorno, antes de entrar em casa, para ver se há estranhos" -- com o detalhe de que, nesta ocorrência, os ladrões já estavam no imóvel quando os moradores chegaram.
E, se meu cunhado olhou para lado algum, de nada adiantou: um dos marginais já estava de arma em punho na direção dele.
Terminada a 'limpa', meus cunhados recorreram à polícia. A policial militar que os atendeu foi direta quanto às chances de capturarem algum suspeito e recuperarem seus pertences:
-- A gente não dá conta. São duas viaturas para a cidade inteira (262.051 habitantes, segundo o Censo 2010). E a lei atrapalha: se pegamos o bandido, ele pode pagar fiança; se paga fiança, é solto; se é solto, sabe que foi você quem reclamou, tem seu endereço e pode voltar aqui.
No fim das contas, este é só um exemplo pessoal. E não vou tomar o tempo de quem lê este texto criticando governos. Você também sabe que são omissos, incompetentes e fracos diante de criminosos.
Aproveito para manifestar uma crença: a Terra não acabará em 21 de dezembro de 2012, como vêm divulgando inúmeros fatalistas mundo afora.
No caso da Baixada Santista, onde cidades desestruturadas crescem exponencialmente (como Praia Grande), tudo isto é só um longo começo.
Mudei de endereço há seis dias e consegui permanecer em Santos. Fiquei feliz, pois a nova casa tem um quarto a mais e garagem, ainda que coletiva. Em menos de dois anos, havia tido o carro arrombado, arranhado e uma roda furtada.
Ontem à noite, fui à padaria, bem perto daqui. Chovia. Em uma quadra de percurso, três desabrigados: um mendigo numa marquise, um homem enrolado num cobertor e um andarilho (que conheço de vista faz mais de 20 anos).
Minha alegria se foi. Aliás, grande porcaria, ante a falta de perspectiva deles.
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Mudei de endereço há seis dias e consegui permanecer em Santos. Fiquei feliz, pois a nova casa tem um quarto a mais e garagem, ainda que coletiva. Em menos de dois anos, havia tido o carro arrombado, arranhado e uma roda furtada.
Ontem à noite, fui à padaria, bem perto daqui. Chovia. Em uma quadra de percurso, três desabrigados: um mendigo numa marquise, um homem enrolado num cobertor e um andarilho (que conheço de vista faz mais de 20 anos).
Minha alegria se foi. Aliás, grande porcaria, ante a falta de perspectiva deles.
3 comentários:
É! A lagoa secou e só ficou o jacaré.
Produtos do Estado mínimo do PSDB, Rafa, bem sabemos. Como bem sabemos que esta violência serve à industria da segurança privada. No micro. No macro, serve à indústria do medo, que serve à indústria do consumo, base do sistema em que vivemos.
Ué! Então vc mudou aqui pra perto de casa??
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