Quer dizer, então, que já podemos desmontar as coisas, ir para casa e pensar em 2016, no que se refere às eleições municipais em Santos? Porque, pelo ritmo apontado pelas pesquisas de intenção de voto, Paulo Alexandre Barbosa (PSDB) será mesmo o futuro prefeito, eleito no primeiro turno.
Não -- ainda. Faltam 34 dias para 7 de outubro. E, se é verdade que Barbosa tem mais votos do que todos os outros oito candidatos juntos, também é real que tendências são tendências e, por uma razão ou outra (nenhuma à vista, por enquanto), podem se reverter.
Mas não deixa de ser surpreendente o passeio do prefeiturável tucano. Ele tem como adversários mais fortes dois ex-prefeitos que fizeram sucessores (Telma de Souza, 1989-1992, e Beto Mansur, 1997-2004) e Sérgio Aquino, indicado pelo atual prefeito, cuja avaliação popular é bem positiva.
Dá para concluir que Barbosa -- também ligado a um ex-prefeito, Paulo Gomes Barbosa (1980-1984), falecido no ano passado e de quem é filho -- conseguiu incorporar a imagem do novo, do jovem, de quem talvez seja capaz de mandar para a história figuras conhecidas há décadas na política local.
Especialistas em Ciência Política e, sobretudo, em Marketing Político, poderão avaliar com mais profundidade alguns destes elementos que, muito provavelmente, estão fazendo a diferença nas eleições santistas deste ano:
1. Faz pelo menos seis anos que se pavimenta o caminho de Barbosa ao Palácio José Bonifácio. Eleito deputado estadual pela primeira vez em 2006 com uma campanha bem esquematizada, cercou-se de competentes assessores; por força política do pai, grupos políticos ligados a ele comandam desde então o PSDB -- por exemplo, seu cunhado Marcos Aurélio Adegas presidiu o diretório municipal do partido em parte desse período; criou o Impacto, um instituto de pesquisas destinado a traçar diagnósticos da Baixada Santista, com apoio de universidades e empresas locais; com tal cacife, foi alçado a postos de primeiro escalão no Governo Estadual. Tudo, enfim, para preparar a inédita eleição de um tucano ao Palácio José Bonifácio;
2. À exceção de 1992 e 2008, Telma de Souza foi a candidata do PT à Prefeitura em 1984, 1988 (quando venceu), 1996, 2000, 2004 e agora. É a sexta vez que disputa o cargo. Em 28 anos, o PT santista não preparou ninguém para sucedê-la. Submeteu-se à lógica torta de que, "como ela é conhecida, atrai mais votos, e teremos mais chances". E, nesta campanha eleitoral, diferentemente de todas as outras em que o PT foi oposição, não há 'ataques' diretos ao governo municipal. Explica-se: por meses, o diretório local petista tentou uma aproximação com o PMDB, que não se interessou na ideia. Como Paulo Alexandre Barbosa é do PSDB, é possível que PT e PMDB, aliados nacionalmente, juntem-se num eventual (porém improvável) segundo turno contra o tucano.
Isso me faz lembrar a fábula da cigarra e da formiga. A primeira cantou o verão inteiro, enquanto a outra estocou comida. No inverno -- e estamos no inverno, veja --, a formiga a esnobou: "Agora, vá dançar". E, pelo visto, ficará sem a cereja do bolo que está na Praça Mauá, s/nº, no Centro de Santos.
Em tempo:
Números recentes do Instituto de Pesquisas A Tribuna (IPAT);
Números recentes da Pesquisa Enfoque/Boqnews.
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