segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Mesmo que eu não veja

Faltam seis dias para o maior espetáculo da Terra de Braz Cubas neste ano: as eleições para prefeito e vereador.

E poucos parecem ter vontade de retirar seus convites. A maioria vai participar de tudo por obrigação cívica.

O que, aliás, é bem simples: quando não queremos fazer ou temos dúvida da influência de algo, nos obrigam a estar lá.

Eu vou, e, acredite, porque desejo. Sei que, se não quisesse, isso não faria muita diferença. Mas, como acho necessário, serei um entre centenas de milhares a escolher personagens para compor o elenco da grande peça que se avizinha, nos próximos quatro anos: o governo de Santos.

Toda essa enrolação de minha parte é para dizer que, se os resultados das pesquisas eleitorais mostram o que estão mostrando, isso decorre do absoluto desinteresse da maioria do eleitorado em pesquisar, discutir, aprofundar-se, envolver-se na decisão do próprio destino.

Alguns cidadãos nem precisam do governo. Talvez por isso, não pensem em quem não tem pernas o suficiente para sair de onde está. Que, certamente, está mais preocupado com o almoço de daqui a pouco do que em pesquisar os antecedentes dos candidatos.

E que, talvez, não tenha condições de concluir coisas como estas:

- Em favelas, há cartazes de candidatos do PSDB. Esse partido era da base governista e comandou a Cohab santista nos últimos oito anos. Como acreditar que, agora, fará algo por eles?

- Também nos últimos oito anos, o PMDB, sempre um grande aliado em nível federal, não conseguiu tirar plenamente do papel um plano para erradicar barracos e palafitas. Por que, então, deve continuar no governo?

- Antes do início das campanhas, o PT, principal voz da oposição na cidade, tentou a todo custo integrar a chapa do PMDB. Do governo. Não lhe deram a mínima. E, apesar disso, parece não ter ressentimentos: não propõe nenhum contraponto fenomenal nem ataca a atual gestão.

- O PP, cujo candidato já foi prefeito e lançou as bases para a vitória de seu sucessor, o prefeito atual, quer voltar para fazer o que não conseguiu (e não explica por que falhou). Para levantar bandeiras que desprezou (o petróleo na Bacia de Santos). Para confirmar que tem experiência.

Nós também, candidatos. Nós também temos experiência. Poucos entendemos quem são. Raros somos os que realmente nos interessamos e, até, nos aborrecemos com tanta política interessada na sobrevivência dos próprios políticos.

Eu ainda me incluo nesses. Não anularei meu voto nem o deixarei em branco. Escolherei alguém para não ser omisso. Ah, mas não esperem de mim puxa-saquismo nem submissão bovina. Enquanto achar que devo, vou perder meu tempo com vocês, mesmo que eu não viva para ver o resultado.

Pois aprendi que são esses, os que esperam construir para além de seu tempo, os que realmente fazem.

Um comentário:

Nando disse...

Adendo maquiavélico: todos precisam do governo, para o bem ou para o mal. Aquele que não depende de nenhum serviço público certamente chegou a essa condição às custas de algum governo.