sexta-feira, 3 de julho de 2015

Quando se renuncia a si mesmo

Não tenho amargura por nada. Sou daqueles que se satisfazem com coisas simples. Mas, às vezes, sinto tristeza por minha cidade. Santos, onde nasci, vivo, trabalho e formei família, deixou de lado seu lema. Caridade e fraternidade ficaram no brasão.

Isso não é novidade: vem de uns 20 anos para cá. O pior, talvez, é que Santos tem sido dominada por um comportamento que um ex-editor, Dario Palhares, classificava como "jequice" -- isto é, reverenciar coisas desimportantes ou imitar (mal) os outros.

Para mim (repito: para mim, pode não ser para você), trocar os cordonéis (o contorno de cimento que separa o gramado e a calçada) do jardim da praia por reproduções das muretas dos canais, e gastar R$ 510 mil com isso, é um exemplo "jeca".

Agora, e aí está o que me faz lembrar de Palhares, vem a notícia de que Santos antecipará seu desfile oficial de escolas de samba em uma semana. Por quê? Pelo fato de que dirigentes das agremiações daqui querem ir aos desfiles de SP e Rio.

Quer dizer: Santos, que já teve o segundo maior Carnaval do País e de onde veio a inspiração para festas maiores, renuncia a cair na folia no período em que todo o Brasil a fará. E com autorização da Prefeitura, que deveria zelar por tradições.

Exceto se tiverem concluído que, afinal, não temos vontade nem competência para resgatar um grande passado de agremiações com samba e cultura popular. Esta última, marginalizada não somente em Santos, mas em todo o mundo "civilizado".

Então, que não se gaste dinheiro público com algo que os dirigentes de escolas de samba locais preferem ver lá fora. E deixem de "jequice". Senão, logo anteciparão a queima de fogos do Ano-Novo santista para não coincidir com a de Copacabana.

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