Por que Duarte está lá? Porque, no entendimento do juiz local José Vítor Teixeira de Freitas, os dois primeiros suplentes (Boquinha e Fabiano da Farmácia) trocaram de sigla, o que representaria infidelidade partidária; e o mandato pertence ao partido ou coligação que a ele tem direito. No caso, o PSD.
É preciso salientar que o novo vereador não está nesse partido. Não porque tenha saído dele: por ser policial militar, é impedido de estar filiado a uma legenda, exceto em períodos eleitorais. E, ao assumir em definitivo a vereança, deverá ser aposentado, pois militares não podem exercer atividade política.
Porém, Boquinha apelará à Justiça para tomar posse, ainda que não seja aceito pelo PMDB, ao qual cogita retornar (a coligação da qual fazia parte era a PMDB/PSD/PTdoB) -- ele se mudou para o PSDB do prefeito Paulo Alexandre Barbosa e, até esta semana, ocupava cargo comissionado no governo.
Toda essa confusão é resultado das interpretações que permite a Resolução 22.610, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O Artigo 1º diz: "O partido político interessado pode pedir, perante a Justiça Eleitoral, a decretação da perda de cargo eletivo em decorrência de desfiliação partidária sem justa causa".
Então, vamos interpretar: se o ocupante de cargo eletivo se desfiliou sem motivo justo, pode perder o mandato. Mas, sobre Boquinha, como ele perderia um cargo que não exerce, pois ficou na suplência? Ou a resolução antecipa as coisas: "Se é suplente, mas mudou de partido, deve ser barrado antes da posse"?
Tudo se resolveria com a inclusão de um parágrafo nesse artigo da resolução: "Esta medida é válida também para os suplentes ao cargo eletivo disputado na eleição imediatamente anterior à atual legislatura". Pouparia o uso do sobrecarregado Poder Judiciário e reduziria a farra da mudança partidária por interesse pessoal.
Mas o Congresso Nacional, que deveria legislar sobre o assunto, em vez de deixar que o TSE tome as providências das quais os deputados federais e senadores deveriam cuidar, está preocupado é com dinheiro: acabou de passar na Câmara o financiamento privado a partidos políticos para campanhas eleitorais -- a origem de tantos escândalos.
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